Escutar a Palavra de Deus para evitar o risco de que o coração se endureça – disse o Papa durante a Missa, na manhã desta quinta-feira (23/03), em Santa Marta. Francisco ressaltou que, quando nos afastamos de Deus nos tornamos católicos infiéis ou mesmo “católicos ateus”.
Quando o povo não escuta a voz de Deus e vira as costas para Ele, acaba por se distanciar d’Ele. Baseando-se num trecho do Livro do Profeta Jeremias, o Papa desenvolveu a sua meditação sobre a escuta da Palavra de Deus.
“Quando não paramos para ouvir a voz do Senhor, nos distanciamos d’Ele, viramos as costas para Ele. E quando não ouvimos a voz de Deus, ouvimos outras vozes.”
Se não ouvimos a Palavra de Deus, ouvimos os ídolos do mundo
“No final”, constatou amargamente o Pontífice, “fechamos os ouvidos e nos tornamos surdos à Palavra de Deus”.
“Se hoje todos nós pararmos um pouco e olharmos para o nosso coração, veremos quantas vezes fechamos os ouvidos e quantas vezes nos tornamos surdos. Quando um povo, uma comunidade, mas também uma comunidade cristã, uma paróquia, uma diocese, fecha os ouvidos e se torna surda, não ouve a Palavra de Deus, procura outras vozes, outros senhores e acaba por seguir os ídolos, os ídolos que o mundo, a mundanidade, a sociedade lhes oferece. Se distancia do Deus vivo.”
Quando o coração se endurece, tornamo-nos católicos ateus
“Quando nos distanciamos do Senhor”, prosseguiu o Papa, “o nosso coração se endurece”. Quando não ouvimos, o coração se torna mais duro, mais fechado em si mesmo. Duro e incapaz de receber alguma coisa. Não só fechamento, mas dureza do coração. Vive então naquele mundo, naquela atmosfera que não lhe faz bem, que o distancia cada dia mais de Deus”.
“E estas duas coisas – não escutar a Palavra de Deus e ter o coração endurecido, fechado em si mesmo – fazem perder a fidelidade. Perde-se o sentido da fidelidade. O Senhor diz na Primeira Leitura: ‘A fidelidade desapareceu’ e nós nos tornamos católicos infiéis, católicos pagãos ou pior ainda, católicos ateus, porque não temos uma referência de amor ao Deus vivo. Não escutar e virar as costas – que nos endurece o coração – que nos conduz ao caminho da infidelidade”.
“Esta infidelidade, como se traduz esta infidelidade?”, perguntou o Papa. “Traduz-se com a confusão: não se sabe aonde está Deus, aonde não está, se confunde Deus com o diabo”. Francisco fez referência ao Evangelho do dia e observou que “a Jesus, que faz milagres, que faz tanto pela salvação e as pessoas estão felizes, as pessoas dizem: ‘E o faz isto porque é um filho do diabo. Faz o poder de Belzebu’”.
Escutamos realmente a Palavra de Deus?
“Esta – disse o Papa – é a blasfémia. A blasfémia é a palavra final deste percurso, que começa com o não-escutar, que endurece o coração, que ‘causa confusão’, que faz esquecer a fidelidade… e no fim, vem a blasfémia”. Ai daquele povo que se esquece da surpresa do primeiro encontro com Jesus:
“Hoje, podemos todos nos perguntar: Eu paro para ouvir a Palavra de Deus, pego a Bíblia, que fala a mim? Meu coração se endureceu? Eu me afastei do Senhor? Perdi a fidelidade ao Senhor e vivo com os ídolos que a mundanidade me propõe todos os dias? Perdi a alegria da maravilha do primeiro encontro com Jesus? Hoje é um dia para ‘escutar’: ‘Escutem hoje a voz do Senhor’, rezamos antes. ‘Não endureçais o vosso coração’. Peçamos esta graça. A graça de escutar, para que nosso coração não se endureça”.
Fonte: Rádio Vaticano