Francisco: pensar na educação é pensar nas gerações futuras e no futuro da humanidade

O Papa manifestou apreço pela reflexão sobre o tema da educação, afirmando que “hoje, é necessário unir esforços para alcançar uma aliança educacional ampla a fim de formar pessoas maduras, capazes de reconstruir o tecido relacional e criar uma humanidade mais fraterna”.

Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (07/02), no Vaticano, os participantes do congresso “Educação: O Pacto Global”, promovido pela Pontifícia Academia das Ciências Sociais, em vista do evento mundial “Reconstruir o Pacto Educativo Global” que se realizará, no Vaticano, em 14 de maio próximo.

Francisco manifestou apreço pela reflexão sobre esse tema, afirmando que “hoje, é necessário unir esforços para alcançar uma aliança educacional ampla a fim de formar pessoas maduras, capazes de reconstruir o tecido relacional e criar uma humanidade mais fraterna”.

Educação de qualidade, um desafio mundial

A educação integral e de qualidade, e os padrões de graduação continuam sendo um desafio mundial. Apesar dos objetivos e metas formulados pela Organização das Nações Unidas e outros organismos, e importantes esforços realizados por alguns países, a educação continua sendo desigual entre a população mundial. A pobreza, a discriminação, as mudanças climáticas, a globalização da indiferença, e a redução do ser humano a coisas, murcham o florescimento de milhões de criaturas.

Segundo o Papa, “a educação básica é hoje um ideal normativo no mundo inteiro”. Pesquisas mostram que houve progresso na participação de meninos e meninas na educação. O número de matrículas no ensino primário hoje é quase universal, evidenciando que a diferença de gênero diminuiu.

“Toda geração deveria pensar em como transmitir seus saberes e seus valores à geração futura, pois é através da educação que o ser humano alcança o seu potencial máximo e se torna um ser consciente, livre e responsável.”

“Pensar na educação é pensar nas gerações futuras e no futuro da humanidade. É algo profundamente arraigado na esperança e exige generosidade e coragem.”

Ruptura do pacto educativo

“Educar não é apenas transmitir conceitos, mas um trabalho que exige que todos os responsáveis, família, escola e instituições sociais, culturais e religiosas, participem desse processo de forma solidária. Para educar é necessário integrar a linguagem da cabeça com a linguagem do coração e a linguagem das mãos. Que um educando pensa o que sente e o que faz, sinta o que pensa e o que faz, e faça o que sente e o que pensa”, ressaltou Francisco.

Segundo o Papa, “hoje, está em crise, rompeu-se o pacto educativo existente entre família, escola, pátria e mundo, cultura e culturas. Rompeu-se realmente e não pode ser colado ou recomposto, a não ser através de um esforço renovado de generosidade e acordo universal. O pacto educativo quebrado significa que a sociedade, a família e as instituições que são chamadas a educar, delegam a decisiva tarefa educacional a outros, evitando tal responsabilidade”.

Unir esforços para a educação

“Hoje, somos chamados a renovar e unir o esforço de todos para a educação a fim de refazer um novo pacto educativo, pois somente assim será possível mudar a educação”, disse ainda Francisco.

Para isso, é preciso integrar os saberes, a cultura, o esporte, a ciência, a diversão e a recreação. É preciso construir pontes de conexão, superar a “pequenez” que nos fecha em nosso pequeno mundo, e ir ao mar aberto global, respeitando todas as tradições. As novas gerações devem entender com clareza sua tradição e cultura, em relação às demais, de modo que desenvolvam o autoconhecimento, enfrentando e assumindo a diversidade e as mudanças culturais. Assim, será possível promover uma cultura do diálogo, do encontro e da compreensão recíproca, respeitosa e tolerante. Uma educação que permita a identificação e promoção dos verdadeiros valores humanos dentro de uma perspectiva intercultural e inter-religiosa.

A família deve ser valorizada no novo pacto educativo

Para Francisco, “a família precisa ser valorizada no novo pacto educativo, pois sua responsabilidade começa no ventre materno, no momento do nascimento”.

“As mães, os pais, os avós, e a família como um todo, em seu papel educacional primário, precisam de ajuda para entender, no novo contexto global, a importância dessa etapa inicial da vida e estar preparados para agir.”

“Uma das maneiras fundamentais de melhorar a qualidade da educação no âmbito escolar é conseguir uma maior participação das famílias e comunidades locais nos projetos educacionais. Elas fazem parte da educação integral, pontual e universal”.

Professores, artesãos das gerações futuras

A seguir, o Papa fez uma homenagem aos professores, pois diante do desafio da educação vão adiante com coragem e perseverança.

“Eles são “artesãos” das gerações futuras. Com o seu saber, paciência e dedicação transmitem uma maneira de ser que se transforma em riqueza, não material, mas imaterial, criando o homem e a mulher do amanhã. Esta é uma grande responsabilidade. Portanto, no novo pacto educativo, a função dos professores, como agentes da educação, deve ser reconhecida e apoiada com todos os meios possíveis. Se o nosso objetivo é oferecer a cada indivíduo e cada comunidade o nível e conhecimento necessários para ter sua própria autonomia e ser capaz de cooperar com os outros, é importante investir na formação dos educadores com os mais elevados padrões de qualidade, em todos os níveis acadêmicos”.

Foram abordados durante o congresso e citados pelo Papa Francisco na audiência, temas como a nova ciência da mente, o cérebro e a educação, a promessa da chegada da tecnologia às crianças que atualmente não têm oportunidades de aprendizado, educação dos jovens refugiados e imigrantes no mundo, além dos impactos da desigualdade crescente e das mudanças climáticas na educação, os instrumentos para inverter os efeitos de ambos e reforçar as bases para uma sociedade mais humana, igualitária e feliz.

O Papa concluiu o seu discurso, falando sobre a beleza. “Não é possível educar sem induzir à beleza, sem induzir o coração à beleza. O caminho da beleza é um desafio deve ser enfrentado.”

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