“Felizes os que temem o Senhor e trilham os seus caminhos”. (Sl 127/128)
Celebramos no domingo, dia 29 de dezembro de 2024, a Festa da Sagrada Família de Nazaré, José, Maria e o menino Jesus. Jesus nasceu no seio de uma família; Deus Pai quis que o seu Filho fosse gerado no ventre de uma mulher, assumisse a forma humana e fosse educado por um pai e uma mãe aqui na terra.
Nesse dia iniciamos também em nossa arquidiocese o Ano Jubilar com a procissão do Largo da Carioca até nossa Catedral Metropolitana onde, celebrando a missa com os representantes de todas as paróquis daremos início em âmbito arquidiocesano a esse tempo privilegiado.
A Sagrada Família deve ser um exemplo para todos nós;´pois sabiam resolver tudo com paciência e com amor. É Sagrada Família, pois nela habitava o Filho de Deus, Maria, que o gerou, e José, que soube acolher os dois com amor. José era justo, pois cumpria a lei e os preceitos judaicos à risca, trabalhava com ardor e ajudava Nossa Senhora na educação de Jesus. Nossa Senhora cuidava da casa e educava o menino Jesus. O menino Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, e era obediente aos pais em tudo.
Como observamos, não é tão difícil seguirmos o exemplo da Sagrada Família de Nazaré; é só dividir as tarefas, respeitar-se mutuamente e educar os filhos com amor. O Papa São João Paulo II dizia que a família é a Igreja Doméstica, e os primeiros catequistas dos filhos são os pais. É na família que se aprendem os verdadeiros valores, como, por exemplo, amar o próximo. Por isso, meus irmãos, nos espelhemos na Sagrada Família e peçamos a proteção dela para a nossa e para todas as famílias do mundo.
Hoje, somos convidados a voltar o nosso olhar para o presépio ou para uma imagem da Sagrada Família que temos em casa. Estamos ainda no tempo do Natal; a festa da Sagrada Família ocorre, neste ano, no domingo seguinte ao Natal, justamente para ressaltar a proximidade do nascimento de Jesus. Por vezes, a data da festa da Sagrada Família ocorre no dia 30 de dezembro; isso ocorre quando a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, ocorre no domingo após o Natal.
A Festa da Sagrada Família é um dia que neste ano ocorre num domingo, então é dia de, normalmente, participarmos da Santa Missa. Ensinemos aos nossos filhos o caminho da fé e do amor, que eles sejam pessoas responsáveis e que amem o próximo.
Nesse dia dedicado à Sagrada Família de Nazaré, rezemos por todas as famílias, em especial a nossa, mas todas as famílias do mundo. E que as crianças que hoje nascem em cada família possam ser um sinal de esperança e de fé neste mundo tão conturbado em que vivemos. Que todos os casais que hoje se unem em matrimônio tenham o propósito de gerar filhos e educá-los para Deus.
A primeira leitura dessa missa da Sagrada Família é do livro do Eclesiástico (Eclo 3, 3-7. 14-17a); essa leitura fala sobre o quinto mandamento da lei de Deus e diz que devemos honrar pai e mãe e cuidar deles até o leito de morte. Não podemos abandonar os pais quando eles chegarem na velhice ou começarem a perder a lucidez, mas devemos estar junto deles até o dia de sua morte. Honrando e cuidando dos pais até a morte, receberemos a recompensa da vida eterna. Aquilo que desejamos para nós devemos fazer para o próximo; com certeza, não queremos que os filhos nos abandonem e esqueçam de nós. Por isso, a mesma atitude deve ser feita aos pais. Os pais são o exemplo para os filhos; se cuidarem bem de seus pais, os seus filhos cuidarão bem de você. Se maltratar e não cuidar de seus pais, os filhos terão a mesma atitude.
O salmo responsorial é o 127 (128); o refrão do salmo diz: “Felizes os que temem o Senhor e trilham os seus caminhos.” Temer ao Senhor não é ter medo de Deus, mas respeitá-lo e respeitar os mandamentos que Ele colocou para nos orientar. Trilhar os caminhos do Senhor é respeitar os mandamentos, e um desses mandamentos é honrar pai e mãe. Respeitando os mandamentos da lei de Deus, seremos felizes e aqueles que estão ao nosso lado também serão.
A segunda leitura dessa missa é da carta de São Paulo aos Colossenses (Cl 3, 12-21). Paulo diz à comunidade dos Colossenses e para nós, hoje, aquilo que deve acontecer dentro de uma família, aceitando uns aos outros no amor mútuo e perdoando as faltas que um cometer contra o outro. Como o Senhor nos perdoou, devemos perdoar uns aos outros. Mas, sobretudo, devemos amar uns aos outros, pois o amor vem de Deus e é o vínculo da perfeição. Em uma família, a base de tudo é o amor; Ele deve ser o alicerce de toda a família. Portanto, que cada família viva o amor. Se, caso, houver brigas, que haja espaço para o perdão.
O Evangelho da missa desse domingo é de Lucas (Lc 2, 41-52). Nesse trecho, Lucas narra que José e Maria subiam todos os anos com Jesus até Jerusalém para a festa da Páscoa. Pois, conforme dissemos, José era justo e seguia à risca os preceitos e as leis judaicas, e o lar da Sagrada Família era um lar que rezava. Desde pequeno, Jesus tinha o exemplo do que era uma vida de oração vivida por sua família em seu lar.
Podemos observar que Jesus levou adiante tudo aquilo que aprendeu de seus pais, e com certeza participava com seus discípulos de todas as festas e solenidades judaicas, além de sempre rezarem em casa. Desde pequeno, subia até Jerusalém para festejar a Páscoa, e depois de adulto, antes de morrer, fez o mesmo. Seguindo esse exemplo, vemos que o bom exemplo fica; ou seja, os filhos seguirão no futuro aquilo que os pais fazem agora.
Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que Ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro; depois, começaram a procurá-lo entre os parentes e amigos. Não tendo o encontrado, voltaram até Jerusalém e, três dias depois, o encontraram no templo. Jesus estava sentado no templo com os mestres e doutores da lei, respondendo e fazendo perguntas. Todos ficavam maravilhados com as respostas que saíam da boca de Jesus.
Ao vê-lo, Nossa Senhora diz a Jesus: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos angustiados à tua procura” (Lc 2, 48). E Jesus respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” (Lc 2, 49). Com essa resposta, Jesus não é mal-educado com seus pais, mas está cumprindo a missão com a qual Ele veio para a terra. Era, de fato, o Filho de Deus, e José e Maria eram seus pais aqui na terra. Jesus era tão obediente aos seus pais que aceita voltar com eles na caravana; era obediente em tudo a eles e crescia em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens.
Ensinemos desde já aos nossos filhos a importância de se dedicarem à religião, de buscarem uma vida reta e serem obedientes. Agindo dessa maneira, colherão os frutos no futuro.
Celebremos com alegria a Festa da Sagrada Família de Nazaré. Como este ano a solenidade ocorre num domingo, fica mais fácil participarmos, como família – Igreja que se santifica no lar e na Igreja – da Santa Missa. Que a Sagrada Família nos inspire para que o nosso lar seja repleto de paz, amor e compreensão. Sejamos uma Igreja Doméstica, ensinando aos filhos e netos o caminho da paz, do amor e da fé.