Feliz o povo do Senhor

             Estamos celebrando o XIX domingo do tempo comum neste primeiro domingo do mês vocacional, agosto. Neste primeiro domingo rezamos pelas vocações ao ministério ordenado: diáconos, padres e bispos. Reflitamos sobre o tema, “Cristo Vive! Somos suas testemunhas” iluminados pelo lema de Jo, 18: “Eu vi o Senhor!”.

    Na liturgia deste domingo, Jesus nos ensina sobre como proceder diante dos bens deste mundo e fala sobre o verdadeiro tesouro, o Reino de Deus. Este tesouro os ladrões não roubam e nem a traça corrói. É preciso centrar o nosso coração no essencial – o Reino de Deus – a nós cabe o esforço constante de cumprir o que Jesus nos ordenou: ajuntar um tesouro inesgotável nos céus. Quem segue a Cristo deve adotar um estilo novo de viver as relações econômicas e sociais, livre dos apegos e interesses individuais.

    A primeira leitura –  Sb 18, 6-9 – o Livro da Sabedoria nos recorda a noite da saída do Egito. Israel era um povo escravo. Como suportou o sofrimento? Como se conservou fiel a Deus? Como resistiu? Como não se dispersou? Resistiu porque colocou somente em Deu sua esperança: “A noite da libertação fora predita a nossos pais, para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem intrépidos”. O povo de Deus, escravo no Egito, não duvidou da promessa que Deus fizera a Abraão; o povo esperou contra toda esperança e esperou no julgamento de Deus: “Os piedosos filhos dos bons fizeram este pacto divino: que os santos participariam solidariamente dos mesmos bens e dos mesmos perigos”. Um povo unido pela esperança e pela fé na Palavra de Deus.  A segunda leitura – Hebreus 11, 1-2.8-19 –  também nos responde: a fé, mãe da esperança, foi a força dos amigos de Deus. “A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se vêem”. Na fé, já possuímos; na fé, já tocamos com as mãos aquilo que o Senhor nos prometeu e nos preparou. Foi pela fé que nossos antepassados partiram, deixaram tudo; pela fé tiveram a coragem de viver errantes, morando em tendas, daqui para ali… Pela fé, viveram como estrangeiros nesse mundo, colocando toda esperança em Deus, que nos prepara uma Pátria melhor no céu; pela fé, Abraão, nosso pai, foi capaz de sacrificar seu filho único… Pela fé deles “Deus não se envergonha deles, ao ser chamado o seu Deus”.

             No Evangelho – Lc 12, 32-48 – o Senhor adverte-nos: “Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater” (Lc 12, 35-36).

    Jesus exorta-nos à vigilância, porque o inimigo não descansa, está sempre à espreita, e porque o amor nunca dorme. Os judeus costumavam usar umas túnicas folgadas e por isso cingiam-nas com um cinturão para poderem andar e executar determinados trabalhos. “Ter roupas cingidas” é uma imagem expressiva utilizada para indicar que alguém se prepara para realizar um trabalho, para empreender uma viagem, para entrar em luta. Do mesmo modo, “ter lâmpadas acesas” indica a atitude própria daquele que está de vigia ou espera a chegada de alguém. Quando o Senhor vier no final de nossa vida, deve encontrar-nos assim: em estado de vigília, como quem vive ao dia; servindo por amor e empenhado em melhorar as realidades terrenas, mas sem perder o sentido sobrenatural da vida, o fim para que tudo se dirige; avaliando devidamente as coisas terrenas – a profissão, os negócios, o descanso… –, sem esquecer que nada disso tem um valor absoluto, e que deve servir-nos para amar mais a Deus, para ganhar o Céu e servir os homens.

    Não é muito o tempo que nos separa do encontro definitivo com Cristo; cada dia que passa aproxima-nos mais da eternidade. Pode ser neste ano, ou no próximo, ou no seguinte. Seja como for, sempre nos há de parecer que a vida passou muito depressa. O Senhor virá na segunda ou na terceira vigília… “E como não sabemos nem o dia nem a hora, é necessário, conforme a advertência do Senhor, que vigiemos constantemente para que, terminado o prazo improrrogável da nossa vida terrena (cf. Hb 9, 27), mereçamos entrar com Ele na festa e sermos contados entre os eleitos”.

    Estejamos vigilantes no amor e longe da tibieza e do pecado se nos mantivermos fiéis a Deus nas pequenas coisas que preenchem o dia. Quem se habitua a repassar as pequenas coisas de cada dia no seu exame de consciência descobre com facilidade os indícios e as raízes que denunciam coisas são a ante-sala das grandes, tanto no sentido negativo como positivo.

    Ficai preparados! Todas essas palavras nos convidam ao desapego, à vigilância, à atitude de disponibilidade, de entrega e esperança diante de Deus. E como tudo isso é difícil, num mundo que propõe como ideal de vida o conforto, a fartura de bens, o individualismo, a confiança somente no que se vê, a dispersão interior e exterior! Como seremos realmente fortes na fé sem combater nossos vícios? Como estaremos prontos para levar cruz na doença, nas dificuldades da vida conjugal, no desafio da educação dos filhos, na luta do combate aos vícios, na busca sincera de sermos retos, decentes e honestos por amor de Cristo? Como viver tudo isso sem a vigilância? Como permanecer firmes na fé católica sem a oração e a procura das coisas de Deus? O Senhor virá na noite desse mundo: “E caso chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão” se nos encontrar vigilantes! Contudo, vigiemos no Senhor!

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