O bispo das Forças Armadas e de Segurança sublinhou hoje em Fátima a necessidade de uma maior “consciência” solidária para com os migrantes e refugiados.
Durante a missa de encerramento da peregrinação internacional dos dias 12 e 13 de agosto ao santuário Mariano, D. Manuel Linda apelou à erradicação dos “muros de cimento armado e de mentalidades que se isolam e se fecham ao exterior”.
“Basta de cimeiras para descortinar formas de impedir que os povos da fome se aproximem da nossa casa, apenas para apanharem as migalhas que caem da nossa mesa! Não mais o travar caminho aos que fogem à carnificina horrorosa e bárbara dos que matam em nome de uma fé!”, exortou o prelado, perante milhares de peregrinos.
A peregrinação internacional de agosto tem este ano como tema “Formamos um só corpo” e coincidiu como habitualmente com a 43.ª Semana Nacional das Migrações, sendo dedicada em especial a todos os migrantes e refugiados.
Num recinto preenchido por muitos emigrantes portugueses que aproveitaram as férias para regressar a casa e também passar pelo Santuário de Fátima, D. Manuel Linda aludiu à situação de muitos refugiados que batem à porta da Europa em busca de uma vida melhor, que procuram escapar à guerra, à pobreza e à perseguição religiosa nos seus países.
Para o bispo das Forças Armadas e de Segurança, é hora da União Europeia “deixar de invocar falta de recursos – ela que até os esbanja em ações não muito éticas – para se continuar a fazer do Mediterrâneo a vala comum” onde morrem tantos refugiados, sobretudo os vindos de África e que acorrem à costa italiana.
Muitos deles perdem a vida antes de chegarem ao destino, transportados em barcos sobre lotados e sem qualquer tipo de segurança, autênticas “carretas funerárias” que depressam sucumbem à força das águas, aponta o membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana.
Recusar o acolhimento e o apoio a estas pessoas, na opinião do bispo, é um ato de “xenofobia e racismo” que são não só crimes “contra a humanidade” mas “contra Deus”.
Isto porque enquanto o “projeto de Deus para o mundo” aponta para “um futuro de unidade do género humano e de fraternidade entre todos”, o que se tem visto é “uma humanidade que teima em introduzir o seu” próprio plano, que não poucas vezes tem levado ao “conflito, às barreiras, ao isolamento, à desconfiança, ao ódio e à morte”.
“Foi assim nas duas guerras mundiais –estamos no centenário da primeira e, depois de amanhã, comemoraremos os 70 anos do final da segunda-, foi assim em Auschwitz e parece ser assim em tantos dramas do presente”, frisou D. Manuel Linda.
Reconhecendo que a questão dos migrantes e refugiados não é “de fácil solução nem passa por se abrirem as fronteiras de forma indiscriminada”, o bispo das Forças Armadas e de Segurança incentivou as comunidades católicas a se empenharem na busca de alternativas.
“Temos o direito de exigir aos políticos do mundo soluções sérias e sustentáveis. Mas temos também de criar e difundir uma nova mentalidade: a do tal projeto universal de Deus que se há-de sobrepor aos regionalismos e às barreiras humanas”, sustentou.
A todos os emigrantes presentes, D. Manuel Linda desafiou também a abraçarem “a nobre missão” de, onde quer que estejam, “levarem aos homens e mulheres a abertura de espírito”, o exemplo de uma “Igreja que não possui fronteiras e é mãe de todos”.
Fonte: Agência Ecclesia