O bispo do Porto vai apresentar hoje a conferência ‘Do Concílio até à atualidade: a vida e o ministério do presbítero’, no 8.º Simpósio do Clero dedicado ao tema ‘O Padre, irmão e Pastor’, a decorrer em Fátima.
“É necessário que saibamos viver na humanidade atual e sentirmos que esta humanização do nosso sacerdócio é também procura de identificação com Cristo. Nós não perdemos a identidade na proximidade com o mundo, a própria humanidade está presente na Igreja”, explicou D. António Francisco dos Santos.
À Agência ECCLESIA, o prelado assinalou que se ainda não se perderam posturas de autoritarismo “é necessário que se percam” porque Cristo “envia” os sacerdotes a serem “pobres, irmãos e pastores”, por isso, “esse critério e essa chave de autoridade não se compactua e compadece com o tempo atual”.
Neste contexto, recorda que o apelo do Papa Francisco para ir ao encontro de todos “obriga” a serem “humildes, desprendidos, despojados, simples, disponíveis” e obedientes como o “Cristo bom pastor”.
O 8.º Simpósio do Clero dedicado ao tema ‘O Padre, irmão e Pastor’ começou hoje e convida os sacerdotes a refletirem sobre a sua identidade e missão até 3 de setembro, no Salão do Bom Pastor (Centro Paulo VI), em Fátima.
D. António Francisco dos Santos comentou que na conferência ‘Do Concílio até à atualidade: a vida e o ministério do presbítero’ vai “dar graças a Deus” pelos sacerdotes que são “dons de Deus e dons pós-conciliares”, uma “marca muito importante”.
“Esta capacidade de se deixar moldar pelo espírito conciliar é imperativa para hoje, para o serviço que a Igreja nos pede”, observou.
Depois e relacionado com o tema da conferência o prelado do Porto vai destacar a “realidade e as mudanças socioculturais” 50 anos depois do Concílio Vaticano II que pedem aos sacerdotes a capacidade de “saberem falar a linguagem do tempo e traduzir o texto evangélico” para os dias de hoje.
Esta intervenção foi precedida pelo painel ‘Desafios à vida dos padres’ a partir de realidades concretas da ciência, com Henrique Leitão, Prémio Pessoa 2014, da literatura e arte com a escritora Lídia Jorge e da cultura com o também escritor e crítico literário Pedro Mexia.
À Agência ECCLESIA, o escritor e crítico literário que não se “atreveria a fazer sugestões e dar recomendações” aos padres apresentou como exemplo o sacerdote norte-americano Robert Barron que para além de publicar livros tem uma pequena rubrica no Youtube.
“Ele comenta não apenas os assuntos religiosos no sentido estrito mas fala de todos os assuntos numa perspetiva cristã, incluindo as celebridades, os filmes, os romances, polémicas e tem imagem muito interessante”, destaca Pedro Mexia.
O interlocutor recordou a iniciativa ‘Átrio dos Gentios’ promovida pelo Papa Bento XVI onde “mostrou que as questões do cristianismo estão disseminadas pela cultura mesmo pelo não-cristãos”.
“É um passo muito significativo que teve impacto internacionalmente e em Portugal e acho que a Igreja portuguesa esteve atenta a isso”, acrescentou Pedro Mexia, observando que “a boa vontade só se manifesta quando se deteta na outra parte igual sentimento”.
A Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, que organiza este evento, destaca que o oitavo simpósio do clero é “um itinerário teologal de reflexão e concretização pastoral”: “1. Presbíteros: (identidade e missão) do Concílio à atualidade; 2. Pastores: caridade e santidade; 3. A beleza da consagração; 4. O Padre e o entusiasmo na evangelização.”
Fonte: Agência Ecclesia