Estupor e incredulidade definem os sentimentos das três famílias sírias que o Papa Francisco trouxe a Roma ao final de sua viagem à ilha grega de Lesbos. A Rádio Vaticano entrevistou Hassan e Nour Zahidà, o casal mais jovem, que chegou à Itália com o único filho e foram acolhidos pela Comunidade de Santo Egídio.
Uma fuga que teve início em Damasco, prosseguiu por Aleppo até a Turquia, de onde seguiram rumo à Grécia numa embarcação com a finalidade de fugir da guerra:
“Deixamos a Síria em dezembro de 2015, porque meu marido foi chamado a se alistar no exército: chamaram todos os homens entre 18 e 45 anos para lutarem na guerra com o exército sírio! O nome do meu marido constava em toda delegacia de polícia e, portanto, não podíamos sair do país através das fronteiras regulares. Fomos obrigados a sair por vias ilegais.”
Nour conta que chegaram a Lesbos em 18 de março e ficaram ali um mês. Devido à chegada de inúmeras famílias, as condições no campo de refugiados começaram a piorar, a ponto de não ter água disponível a todos.
Então chega a notícia inesperada de que o Papa os levaria a Roma… Uma emoção que o marido Hassan assim descreve:
“Foi realmente um sonho. Estávamos comprando algo no centro, em Lesbos, às oito da noite; voltamos ao campo de Karatepe e o responsável, Stavros, disse que três famílias tinham sido escolhidas para ir à Itália. Mas não nos disseram nada do Papa e que seria um voo especial com ele. E quando descobrimos, foi de novo um sonho, realmente. Não conseguíamos entender o que estava acontecendo. Depois entendemos quando encontramos o responsável pela Comunidade de Santo Egídio.”
O encontro com o Papa foi no aeroporto:
“Sim, encontramos o Papa no aeroporto. Ele nos perguntou a situação em Lesbos e nós dissemos que apreciamos os esforços que estão sendo feitos pelos refugiados, especialmente pelos sírios.”
“Gostaria de agradecer ao Papa pelo seu gesto. “Obrigado! Obrigado! Obrigado por nos salvar!”. Eu espero que este gesto possa influenciar e tocar a todos, que possa mudar as posições políticas e que as fronteiras possam ser abertas a esses refugiados. Para meu filho, espero que possa ter uma vida feliz e que eu e meu marido possamos encontrar um trabalho na Itália. Gostaria de dizer que somos pessoas normais. Não somos jihadistas; não somos terroristas! Somos pessoas normais como vocês. Sonhamos somente com uma vida normal num país onde exista paz.”
Fonte: Rádio Vaticano