Durante a trezena de São Sebastião, o nosso tema principal foi a “família”, celebrando o Ano da Família unido ao Ano Mariano em nossa Arquidiocese. Acrescentamos o lema da solidariedade, pois o momento é muito sério.
Nestes tempos de tantas notícias preocupantes com mortes, violências, chacinas, guerras, expulsão de pessoas de suas pátrias, intolerâncias, as mais variadas e absurdas em algumas tentativas de legislação, creio que o tema da família, que o Papa Francisco abordou em sua carta “Alegria do amor”, é um caminho para novos tempos.
Vejo quantas famílias sofreram pela morte dos seus e vejo quantas famílias sofrem ao ver os seus em ambientes completamente desumanos. Na grande maioria das vezes, as nossas cadeias no Brasil estão com números bem superiores daqueles que suportam e não reeducam.
Ouvi de especialistas em vários locais por onde passei com a Trezena que muitos fatores de desiquilíbrio e dificuldades encontram a fonte na desagregação familiar. Por isso, num mundo que se tornou estranho e até hostil à fé, as famílias cristãs são de importância primordial. O lar cristão é o lugar em que os filhos recebem o primeiro anúncio da fé. O Concílio Vaticano II chama a família, usando uma antiga expressão, de “Igreja doméstica”. É no seio da família que os pais são para os filhos, pela palavra e pelo exemplo, os primeiros mestres da fé.
O lar é a primeira escola do mundo e da vida cristã. É uma escola de enriquecimento humano. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “a família cristã é uma comunhão de pessoas, vestígio e imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. (n. 2205).
Deus quis que a atividade educadora e criadora da família fosse o reflexo da Sua obra. O casal que constitui uma família está participando, com o Pai, da criação do mundo. A família é a célula originária da vida social. É a sociedade natural na qual o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida.
Podemos perceber, ao refletir sobre tudo isto, que a vivência do amor, da justiça, da solidariedade nasce na família para, depois, se expandir para toda uma sociedade. Para seguir o projeto de Deus e, consequentemente, para vivermos a felicidade em plenitude aqui na Terra, aqui neste mundo que tanto tenta destruir a família, é preciso que saibamos defendê-la, porque ela é o esteio da sociedade e é nela que podemos cultivar, desde a mais tenra infância, a fé, a esperança e a caridade, virtudes que farão deste mundo um mundo melhor e que, com toda a certeza, nos levarão à glória do Pai.
À toda ideia enganosa de casamento, aos ataques à vida nascente, à deturpação da educação, temos a oferecer ao mundo, como modelo, a “família cristã”, a exemplo da Sagrada Família de Nazaré. A família cristã é a união de pessoas batizadas. Pessoas ao mesmo tempo santas e pecadoras, em processo de santificação e que procuram viver da fé em Jesus. É no seio dessa família cristã que os filhos descobrem Deus, e principalmente que Deus é “Amor”.
A família cristã é o espaço de vivência do Evangelho, pois dentro dela os filhos aprendem a conhecer a Bíblia: aprendem a rezar, a partilhar e a perdoar. Pais e mães cristãos têm consciência de que são os primeiros educadores de seus filhos na fé e sabem que não podem delegar a tarefa da educação religiosa nem só para o padre e nem só para o catequista. São João Paulo II declarou: A família missionária é a esperança do novo milênio. “O futuro da humanidade passa pela família”.
Peçamos a Deus que ilumine todas as famílias do mundo inteiro, o dom da paz e da misericórdia a todos para reconstruir o nosso país e o mundo.