Eu era ateu, não tinha esperança na vida e arrisquei: resolvi rezar

Havia poucas coisas que Devin Rose desejava menos do que ser católico. Mas ele não conseguiu refutar os argumentos da Igreja

No meio da escuridão dos ataques de pânico, da depressão e da ansiedade, Deus me trouxe a cura e a fé através da Igreja católica.

Os cristãos de longa data têm dificuldades para imaginar como deve ser a cabeça de um ateu. E os ateus de longa data ficam igualmente perplexos pensando no quanto alguém tem que ser ingênuo para acreditar em Jesus.

Eu vivi os dois lados e contei a minha história em “The Journey Home” [A Jornada para Casa].

Uma prece desesperada

Eu tinha sido ateu durante a minha vida toda, mas guardava um segredo terrível: todos os dias, um medo paralisante e uma ansiedade insofrível me atormentavam. Eu tinha medo de ser humilhado na frente dos outros. E esse mesmo medo se manifestava de formas humilhantes, criando uma profecia autorrealizável que eu não conseguia impedir de acontecer.

Tive que enfrentar o mais tenebroso dos desesperos: a ausência da esperança. Passei a entender por que havia pessoas que se suicidavam. Quando você não tem esperança e vive em constante sofrimento, você quer é que a sua vida acabe de uma vez. Eu queria. Mas ainda não estava pronto para desistir.

Um dia resolvi pegar a bíblia e comecei a ler. Eu só fiz uma oração: “Deus! Eu não acredito em você! Mas preciso de ajuda. Se você é de verdade, por favor: me ajude!”.

Pedir “por favor” não dói. E eu pedi. Deus podia dar importância às boas maneiras… Se Ele existisse, talvez eu passasse a viver. Se não, teria sido o meu fim.

Um broto que nasce

Comecei a ler a bíblia, mas, verdade seja dita, aquilo não fazia muito sentido. Se eu fosse Deus, teria colocado algumas explicações adicionais e, talvez, um esboço mais detalhado, para que as pessoas interessadas pudessem ter uma visão geral mais clara…

Mesmo assim, alguma coisa estava acontecendo dentro de mim. Pouco a pouco, eu fui sentindo a fagulha de um início da fé. Eu não tinha fé nenhuma, mas comecei a pensar que talvez Deus pudesse existir. A minha ansiedade diminuiu um pouco: eu nem teria percebido, se não fosse pelo fato de, ao longo dos quatro anos anteriores, ela ter aumentado de modo constante. Ela nunca tinha diminuído até então, nem sequer durante curtos períodos. Aquela mudança me incentivou a continuar lendo e orando, sem me importar com o quanto a bíblia me parecia ininteligível.

Eu procurava proteger a pequena muda de fé que estava tentando brotar, porque eu precisava dela! Todas as minhas dúvidas ateístas queriam pisoteá-la. Mas o ateísmo já tinha tido a oportunidade dele. Agora era hora de tentar algo que me trouxesse esperança e verdade.

Abrem-se as comportas

Eu não sei como (só posso repetir o clichê que afirma que “foi Deus”), mas, depois de meses de leitura da bíblia e de oração, a fé explodiu no meu coração e Deus entrou feito um furacão! Eu superei o ateísmo e voltei a minha fé para Cristo, arrependido dos meus pecados. Este é um mistério perpétuo: esse jeito de Deus de mexer com uma pessoa, especialmente uma pessoa que não acreditava nele.

Entrei para a Igreja batista. Passava quatro horas na igreja todo domingo, participava dos estudos bíblicos, servia aos pobres.

Senti o chamamento a ser batizado e, certa manhã, subi ao altar dos chamados. Todos aplaudiram. Eu estava muito nervoso. Foi no segundo andar do auditório, com uma placa de vidro transparente na lateral do tanque de água. Toda a congregação de mil pessoas poderia me ver na hora que eu submergisse. O pastor me disse baixinho quando eu estava prestes a ser batizado: “Só temos uma regra: dobre os joelhos quando eu submergir você e assim eu consigo levantá-lo de volta. Não dobre os joelhos e você não sobe mais de volta”.

Fui batizado. A minha fé foi crescendo aos trancos e barrancos. Virar cristão foi a coisa mais importante que aconteceu comigo. Obrigado, Jesus!

À procura de certezas

Mas eu logo percebi que havia alguma coisa errada. Jesus disse, em João 17, que nós, seus seguidores, deveríamos ser uma unidade perfeita. Mas não éramos. Os cristãos estavam horrivelmente divididos, e em torno de questões muito importantes. Quem estava certo? Quem estava errado? Ou estávamos todos errados? Talvez Deus tivesse deixado a Igreja e todos os cristãos acreditarem numa série de erros e ninguém mais pudesse conhecer a verdade plena…

Se fosse este o caso, como é que poderíamos cumprir a diretriz de Jesus de adorar a Deus em espírito e em verdade (João 4)? Por que Ele disse que o Espírito Santo levaria os apóstolos ao conhecimento de toda a verdade? Se Ele disse isto, só pode ter sido a sério. E Ele deve ter feito com que isto fosse possível.

Mas quem, então, estaria protegido por Deus contra o erro? Os batistas não reivindicavam essa certeza, nem qualquer outro dos protestantes. Só os mórmons, os católicos e os ortodoxos orientais afirmavam possuir a plenitude da verdade com alguma credibilidade.

Comecei a estudar, pensar e orar. O meu pavor era a Igreja católica. Eu a temia como temia muito poucas outras coisas. Ela tinha que estar errada em muitas questões: contracepção, Maria, o papa, os santos, o purgatório… Como é que esse tipo de coisas poderia ser defendido por alguém?

Eu pretendia manter a minha firme rejeição ao catolicismo quando comecei a ler sobre esses temas. Para mim, bastaria apenas ver o quanto os argumentos católicos eram frágeis e fim.

Só que… os argumentos católicos não eram frágeis. Eram muito bons! E os contra-argumentos apresentados pelo catolicismo a quem o atacava também eram fortes. Como é que eu saberia quais livros da bíblia eram inspirados por Deus? Hmm, boa pergunta. Comecei a explorar o assunto. Dei um nó na minha mente ao tentar descobrir como o protestantismo poderia reconstituir com clareza o seu próprio caminho rumo à “sola Scriptura”.

Eu lia cada vez mais. Algum protestante tinha que ter achado uma férrea linha de raciocínio sobre isso. Mas eu procurei, procurei e não encontrei nada que me convencesse. Li muitas teorias e explicações de como um protestante podia conhecer com certeza o cânon das Escrituras, mas, mesmo sendo um protestante que queria continuar a ser protestante, eu via a fraqueza dos argumentos que estava lendo.

Vá para a verdade

Havia poucas coisas que eu desejava menos do me tornar católico. Até a palavra “católico” me dava repulsa. Mas Deus tinha me trazido do ateísmo à fé e não iria me enganar justo agora. Eu pedi a Ele, com toda a confiança, que, caso eu fosse fazer algo de errado, ele gentilmente me matasse ou me mostrasse que aquilo estava errado. E Ele não fez nenhuma das duas coisas.

Virei católico.

Treze anos depois, eu continuo católico e nunca me arrependi. Não que a Igreja não tenha problemas, porque tem muitos, mas, pela graça de Deus, o que ela ensina é verdadeiro. Ela é o único refúgio seguro contra a confusão do mundo. Deus a protegeu. E eu sou e serei eternamente grato a Deus pela sua grande misericórdia para comigo.

Fonte: Aleteia
Local: São Paulo