Ética Para o Brasil

    “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
    Rui Barbosa (1849-1923)
    Foi jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador brasileiro.

    Diante de tanta corrupção, desonestidade, injustiça, impunidade, desonra e da demolição moral, como ficamos e como fica a família, a educação, a sociedade, religião e o poder judiciário? Há ainda espaço para se obter resposta da ética, da deontologia e da axiologia pela dignidade da pessoa humana?
    O grande filósofo grego Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) construiu uma visão sistemática e integrada do conhecimento, com a valorização da ciência empírica, da ética e da política. Aristóteles divide o conhecimento da seguinte forma: prático (práxis), produtivo (poiesis) e teórico. O conhecimento prático abrange principalmente o estudo da ética e da política. A ética é um saber prático e pressupõe três elementos fundamentais da filosofia aristotélica: o uso correto da razão, a boa conduta (eupraxia) e a felicidade (eudaimonia).
    Aristóteles desenvolveu uma reflexão ética perguntando-se sobre o fim último do ser humano. Para o quê tendemos? E respondeu: para a felicidade.   Para Aristóteles a felicidade está ligada à atividade humana, sendo um tipo de atividade em conformidade com a “reta razão” e com a virtude (areté). Daí a ortodoxia dos valores morais, ou melhor, atividade de reta nobreza, coerência no falar e no fazer, praticar as tarefas com honestidade, honradez, justiça e sendo verdadeiro para si mesmo e para os outros.
    Aristóteles é um pensador de suma importância no campo da reflexão sobre a ética e a moral, principalmente a partir de sua obra Ética a Nicômaco, onde o mesmo procurou refletir sobre as virtudes que constituiriam a arete (a virtude ou excelência ética) e a moralidade grega. Para Aristóteles, ética e política são inseparáveis.
    Segue assim a sentença axiomática: “Ética e política são elementos inseparáveis, constitutivos do homem em Aristóteles. Por um lado, a característica de ser racional o conduz à vida política. A vida política, por sua vez, norteará o bem viver ou o viver ético deste homem, que terá como expressão mais própria desta boa vida a própria vida racional”.
    As virtudes do carácter, nomeadamente a coragem, a temperança, a justiça, a responsabilidade, o respeito, a generosidade, a esperança e a fé, são a condição necessária para que o agente faça uma escolha adequada dos objetivos admiráveis e nobres e seja capaz de exercer as funções exigidas de forma excelente. Viver com tais virtudes é proceder com ética e respeito em prol da dignidade da pessoa humana. Dentro desse contexto, somos felizes e somos instrumentos para fazer feliz todo seguimento da sociedade. Enfrentado todas as incompatibilidades vergonhosas da sociedade brasileira, podemos com realismo, ética e com os valores que nos norteiam realizar novas configurações para o Brasil de hoje e do futuro.

    Dr. Frei Inácio José do Vale
    Professor e Conferencista
    Trabalha como Psicanalista Clínico na Associação Espaço Vida-Cidade de Goiás/GO
    Frade do Instituto da Fraternidade de Charles de Foucauld
    E-mail: pe.iná cio.jose@gmail.com

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