A Festa do Batismo do Senhor encerra o ciclo do Natal, quando se salienta as manifestações do Senhor. Celebramos o Batismo de Jesus por São João Batista nas águas do rio Jordão. Sem ter mancha alguma que purificar e nem ter que esperar o Messias, Jesus quis submeter-se a esse rito tal como se submetera às demais observâncias legais que também não o obrigavam, mas que assim tornou-se a grande manifestação e início de sua vida pública.
O Senhor desejou ser batizado, diz Santo Agostinho, “para proclamar com a sua humildade o que para nós era uma necessidade”. Com o batismo de Jesus, ficou preparado o Batismo cristão, diretamente instituído por Jesus Cristo e imposto por Ele como lei universal no dia da sua Ascensão: Todo poder me foi dado no céu e na terra, dirá o Senhor; ide, pois, ensinai a todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (cf. Mt 28, 18-19).
Na Igreja, ninguém é um cristão isolado. A partir do Batismo, o cristão passa a fazer parte de um povo, e a Igreja apresenta-se como a verdadeira família dos filhos de Deus. O batismo é a porta por onde se entra na Igreja. Em virtude do batismo somos chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo. Como diz o Documento de Aparecida nº 209: “Os fiéis leigos são os cristãos que estão incorporados a Cristo pelo batismo que formam o povo de Deus e participam das funções de Cristo: sacerdote, profeta e rei. Realizam, segundo a sua condição, a missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo. São homens da Igreja no coração do mundo e homens do mundo no coração da Igreja”. É a nossa meta neste ano especial em nossa arquidiocese: que todos os batizados sejam permanentemente missionários.
Celebrando o Batismo do Senhor às margens do Jordão (cf. Evangelho – Mt 3,13-17), Jesus foi ungido com o Espírito Santo como o Messias, o Cristo, aquele que as Escrituras prometiam e Israel esperava. Agora, ele começa publicamente a missão de anunciar e inaugurar o Reino de Deus. Esta missão, ele começou desde que se fez homem por nós; agora, no entanto, vai manifestar-se publicamente, primeiro a Israel e, após a ressurreição, a toda a humanidade. É na força do Espírito Santo que ele pregará, fará seus milagres, expulsará Satanás e inaugurará o Reino; é na força do Espírito que ele viverá uma vida de total e amorosa obediência ao Pai e doação aos irmãos até a morte e morte de cruz.
Podemos fazer um paralelo de Is 42, do Servo sofredor com Jesus. Jesus que é o Filho, é também o Servo sofredor, anunciado por Isaías (cf. Is 42,1-4.6-7). Hoje, o Pai revela a Jesus qual o modo, qual o caminho que ele deve seguir para ser o Messias como Deus quer: na pobreza, na humildade, no despojamento, no serviço! É assim que o Reino de Deus será anunciado no mundo. Jesus deverá ser manso: “Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas” (cf. Is 42,2). Deve ser cheio de misericórdia para com os pecadores, os fracos, os pobres, os sem esperança: “Não quebra a cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega”(cf. Is 42,3). Ele irá sofrer, ser tentado ao desânimo, mas colocará no seu Deus e Pai toda a sua esperança, toda a sua confiança: “Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra” (cf. Is 42,4). O Senhor Deus estará sempre com ele e ele veio não somente para Israel, mas para todas as nações da terra: “Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas” (cf. Is 42,6-7).
O batismo de João não é o sacramento do Batismo: era somente um sinal exterior de que alguém se reconhecia pecador e queria preparar-se para receber o Messias. Ao ser batizado no Jordão, Jesus é ungido com o Espírito Santo para a missão. Para os cristãos, o Batismo é no Espírito, simbolizado pela água (cf. Jo 3,5; 7,37-39). Ao sermos batizados, recebemos o Espírito Santo de Jesus e, por isso, somos participantes de sua missão de viver, testemunhar e anunciar o Reino de Deus, a Vida eterna, a Vida no amor a Deus e aos irmãos, que Jesus veio anunciar ao se fazer homem igual a nós! Este testemunho é dado na simplicidade, na pobreza e na humildade do dia a dia!
No Batismo está em jogo um bem infinitamente maior do que qualquer outro: a Graça e a Fé. Só por ignorância e por uma fé adormecida se pode explicar que muitas crianças sejam privadas pelos seus próprios pais, já cristãos, do maior dom da sua vida.
É uma alegria poder celebrar a Trezena de São Sebastião, desde o dia 07 de janeiro, ainda no tempo do Natal. Vivamos nosso Batismo como viveu São Sebastião, ardoroso missionário. A essência do Batismo é testemunhar o Senhor e anunciar o Evangelho, com renovado ardor missionário. Assim nos ajude São Sebastião, Amém!