O Catedrático da Universidade Politécnica de Valência (UPV), na Espanha, Gabriel Songel, descobriu a referência mais antiga, que se conhece até o momento, do Santo Cálice de Valência e que data do século XI.
Até então, a primeira referência do Santo Cálice havia sido encontrada em um documento do século XIV.
Como Songel explicou ao Grupo ACI, sua descoberta ocorreu quando estudava o manuscrito do mosteiro de San Juan de la Peña que data do século XI e foi realizado por ocasião da coroação de Pedro I de Aragão.
Estudando este documento, encontrou um acróstico, ou jogo de letras, no qual, seguindo um esquema geométrico, é possível ler “Calix Lapis Exillis”, que era como se referiam ao Santo Cálice na época.
Na época medieval, os esquemas geométricos e labirintos visuais eram comuns. Os escritores dos textos tinham domínio desse tipo de código e o faziam como “contribuição pessoal” para esconder seus nomes ou para colocar textos sobrepostos aos oficiais.
Em sua pesquisa do manuscrito do mosteiro de San Juan de la Peña, Songel também encontrou um esquema, ou retícula, no qual se vê com total exatidão o desenho do Santo Cálice.
Estes resultados mostram que o Santo Cálice de Valência era venerado como tal desde o século XI e não desde o século XIV, como se sabia até então.
Conforme Songel explicou ao Grupo ACI, essas descobertas não podem ser casuais. “Estatisticamente, fazer com que o acróstico ‘Calix Lapis Exilis’ aparecesse como uma coincidência em um texto de 2700 caracteres seria muito pouco provável. Consultei especialistas em estatística para saber se esse acróstico poderia ter sido fruto da casualidade e eles confirmaram que havia claramente uma intenção por trás”.
Esta pesquisa foi validada pela acadêmica Elisa Ruiz, da Real Academia da História, e Daniel Benito, professor de História da Arte da Universidade de Valência. Além dos cânones da catedral de Valência, onde o Santo Cálice é guardado desde o século XV, foram numerosos os estudos que confirmam que a copa superior, de ágata, data do século I e poderia ser a que Jesus Cristo usou na última Ceia. As alças e a base, bem como as pedras preciosas, pertencem à época medieval.