Esporte para a paz e o desenvolvimento humano

    O esporte possui um grande potencial de socializar indivíduos das mais diferentes classes, religiões, gêneros, entre tantas outras diferenças presentes na nossa sociedade. Através de uma partida de futebol na rua, de um jogo de vôlei na escola, um jogo de basquete na praça, pessoas se relacionam, fortalecem amizades, criam vínculos mesmo sem nunca terem se visto. A importância da prática esportiva em nossa sociedade vai além dos benefícios na saúde física do homem. “É possível perceber-se o desenvolvimento das relações socioafetivas, a comunicabilidade, a sociabilidade, ajustando socialmente esse homem ao meio que vive” (BURITI, 2001, p.49).
    A sociabilidade, ou seja, a troca de vivências, enriquece nossa vida, nos faz enxergar para além de nós mesmos. Ajudar um companheiro, desafiarmos nossos limites, superar obstáculos são alguns dos acontecimentos vivenciados durante a prática esportiva. Mas, infelizmente, em muitos centros urbanos estas vivências estão cada vez mais raras, por diversos fatores: violência, falta de espaços adequados, trabalho infantil ou na adolescência, como também a presença do mundo virtual na sociedade de hoje, que afasta as crianças de atividades esportivas para deixá-las horas em frente ao computador em jogos, redes sociais e sites de relacionamento.
    O esporte pode intervir na realidade da sociedade ao demonstrar que, durante um jogo ou uma aula, todos são iguais. Existe a autoridade no jogo, o juiz ou o professor que faz cumprir as regras e, no restante, todos os participantes são iguais, ganhando aquele que souber ser mais habilidoso, mais inteligente, o que treinou com mais dedicação e não por ter alguma vantagem fora do jogo, tornando o jogo desigual. Rubio (2001) comenta que na Europa e nos Estados Unidos o esporte está sendo reconhecido não só como uma atividade saudável para quem compete, mas principalmente por que o esporte está sendo visto como uma oportunidade de engajamento das pessoas na reflexão e na discussão sobre os valores e as relações sociais.
    A atividade física e o esporte podem ser ferramentas importantes na educação para valores por diversos fatores, entre eles seu caráter lúdico e gerador de diferentes experiências, o caráter de superação e cooperação, a interação interpessoal que estes promovem e também pela presença constante de conflitos. É a partir, principalmente, destes conflitos que podemos introduzir noções de valores positivos, considerando que o desporto pode também, se não bem orientado, desencadear valores não desejáveis, como agressividade, exclusão, desprezo, obsessão pela vitória etc.
    A prática esportiva é uma ótima ferramenta no combate à ociosidade, em reforçar a autoestima, na manutenção de uma vida saudável, no combate ao surgimento de doenças, no controle do peso, na busca de objetivos e como estímulo ao contato com outras pessoas, estimulando o coletivismo. Atividades físicas são indispensáveis para uma vida saudável, e na adolescência não pode ser diferente, pois é uma fase em que acontecem grandes mudanças físicas e psicológicas.
    Cada esporte possui suas particularidades, que envolvem as pessoas e as fazem optar por qual praticar. Os esportes influenciam no desenvolvimento saudável dessas e os distanciam da mentalidade distorcida que hoje se prega no mundo, e ainda faz com que as pessoas se afastem da criminalidade que está presente em todos os locais de forma bastante organizada e sedutora.
    Sabemos que estamos a alguns dias para o início do maior evento mundial dos esportes, que são os Jogos Olímpicos. Para isso, teremos um congresso chamado “100 dias de paz”. O congresso “100 dias de paz, esporte para o desenvolvimento humano”, será promovido pela Arquidiocese do Rio de Janeiro em parceria com o Comitê Rio2016 e instituições de caridade alemãs. O evento acontecerá no dia 23 de junho, das 9h30 às 16h, no Museu do Amanhã. O objetivo é estudar uma forma de fazer com que os mais excluídos do processo de construção dos Jogos Olímpicos estejam no centro das questões.
    Teremos presença na abertura do congresso. Assim, estarão presentes também o presidente da Rio2016, Carlos Nuzman, um dos embaixadores do Comitê Olímpico Internacional (COI), Mário Pescanti, o presidente do Comitê Paralímpico Internacional, Philip Craven, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, e o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Para este encontro, o fio condutor serão temas como: paz, segurança, sustentabilidade, performance e esperança.
    Sobre o esporte, no dia 7 de junho de 2014, o Santo Padre, o Papa Francisco, destacou que o esporte deve permanecer um jogo. “Somente se permanece um jogo faz bem ao corpo e ao espírito. Como vocês são esportistas, convido-os não só a jogar, como vocês já fazem, mas também a procurarem o bem, na Igreja e na sociedade, sem medo, com coragem e entusiasmo, a se envolverem com os outros e com Deus, e darem o melhor de si, oferecendo suas vidas por aquilo que realmente vale e que dura para sempre”. O Papa Francisco convidou todos os esportistas a aprenderem o acolhimento: “Acolhe-se todo atleta que deseja fazer parte, acolhendo uns aos outros, com simplicidade e simpatia. Peço a todos os dirigentes e treinadores para serem, acima de tudo, pessoas acolhedoras, capazes de manter a porta aberta para oferecer a cada um, sobretudo aos desfavorecidos, a oportunidade de se expressar”.
    O apanágio da paz é a acolhida. Vamos fazer da nossa cidade a promotora da paz e a testemunha da convivência pacífica, respeitando as liberdades individuais, o direito de ir e de vir, e, acima de tudo, a convivência tranquila, pacífica, e vamos, em grande e bom tom, dizer um sonoro “não” a todas as expressões de violência que geram morte e desagregação. Nossa cidade, agora capital olímpica, precisa testemunhar e viver da paz e em paz.

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