Esporte e peregrinação

    Um dos trabalhos do Pontifício Conselho dos Leigos para o qual fui designado como Conselheiro pelo Papa Francisco é a dimensão esportiva. No passado já recebemos o responsável por essa dimensão quando reiniciamos o trabalho dessa pastoral. Agora, às vésperas da Copa do Mundo e preparando as Olimpíadas, somos instados a retomar com afinco essa pastoral. Tanto na organização interna da Arquidiocese e seus relacionamentos com essa pastoral, como também a nossa presença evangelizadora nesses tempos de tantas disputas. Para isso, já recebemos da Arquidiocese de Londres os símbolos religiosos dessa pastoral, que teve um belo desempenho nas Olímpiadas lá ocorridas.
    Nessas disputas internacionais existem outros aspectos, além do esportivo, que necessitam de um bom trabalho pastoral e, nesse sentido, o tema da Campanha da Fraternidade deste ano também nos ajuda. Mas o nosso foco hoje é mais um tipo de esporte dessa pastoral ligada à tradição de peregrinação ou romaria.
    Entre as várias modalidades, o ciclismo, enquanto esporte e enquanto peregrinação, tem já uma vasta tradição em nossa Arquidiocese, até mesmo tendo rotas alternativas para a Romaria até Aparecida.
    No início de fevereiro,a missa do “Rio Celebra”, celebrada na Paróquia Santa Rosa de Lima, foi em ação de graças pela Pastoral do Esporte de nossa Arquidiocese, representada pelo Pe. Marcos Vinícius e todos os ciclistas da Arquidiocese do Rio de Janeiro, que iniciaram a sua romaria ciclística pela Paz para a Aparecida, sob a coordenação e dirigente espiritual do Padre Cristóvão, quando, pelo exercício físico junto à natureza, os ciclistas elevam e rezam o seu pensamento para a Santíssima Trindade.
    Os ciclistas do Rio de Janeiro já tinham feito uma rota alternativa quinze dias antes e nessa data foram pela via Dutra – percurso mais rápido. Eles contam das meditações que fazem durante o trajeto e como isso faz bem para a saúde e para a espiritualidade. É uma ciclorromaria.
    Naquela ocasião, lembramos da importância de pedirmos a sabedoria, como Salomão, e termos tempo para a oração com Jesus. Sabedoria para discernir o plano de Deus e aproveitarmos as ocasiões para rezar, também em uma romaria ciclística.
    Muitas são as situações que vários têm na sua missão. Cada um de nós a tem na sua família, no seu trabalho, na sua pastoral, na sua paróquia em que somos chamados a ver as pessoas com carinho. Temos que pastorear, ajudar as pessoas, resolver os problemas que existem, com a sabedoria do Senhor.
    Para quem vai em romaria, em peregrinação, durante o trajeto, nas suas paradas, nós enxergamos muitas situações. No nosso dia a dia, no olhar do ir e vir da nossa vida vemos tantas situações que existem de pessoas machucadas que devemos pedir a sabedoria que vem do Senhor.
    Jesus quer estar com os seus discípulos para um tempo de oração. E devemos aprender, ainda mais nesse tempo da Quaresma, a viver continuamente aproveitando cada instante para uma vida de oração. Acabamos fazendo de nossa vida um verdadeiro retiro espiritual.
    Mais do que chegar ao destino, mais do que uma questão física, somos chamados a rezar, a ver e contemplar os sinais que Deus coloca em nosso trajeto, com o silêncio e a contemplação. Por isso, no dia a dia devemos aprender a parar, a olhar a realidade com os olhos do Senhor. É uma palavra muito rica, diante de realidades tão diferentes, pedir ao Senhor que tenhamos olhos para enxergar a realidade do pastoreio, e que a Igreja tenha as pessoas para pastorear, que tenha tempo de reflexão, de oração, de comunhão com o Senhor, que faz a diferença no nosso modo de trabalhar, servir e peregrinar.
    Lembremo-nos das palavras do Papa Francisco durante a JMJRio 2013: “Que o esporte seja sempre instrumento de intercâmbio e crescimento e nunca de violência nem de ódio” (25 de julho de 2013). Este deve ser o bom propósito da Pastoral do Esporte e de todos os homens e mulheres de boa vontade!