Sergio Centofanti – Cidade do Vaticano
A caridade da Igreja remonta aos tempos dos apóstolos. Jesus afirma que no final da vida seremos julgados pelo amor, o amor concreto de cada dia (Mt 25,31-46). São Tiago nos recorda fortemente que a fé sem obras é morta em si mesma: “Meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé, quando não tem as obras? A fé seria capaz de salvá-lo? Imaginai que um irmão ou uma irmã não têm o que vestir e que lhes falta a comida de cada dia; se então algum de vós disser a eles: “Ide em paz, aquecei-vos” e “Comei à vontade”, sem lhes dar o necessário para o corpo, que adianta isso? Tg 2,14-16).
As origens da Esmolaria Apostólica
Nas primeiras comunidades cristãs, eram os diáconos, em particular, que cuidavam dos pobres. Mais tarde os Papas, como bispos de Roma, confiaram a tarefa da caridade ao chamado Esmoler: este nome aparece pela primeira vez em uma Bula de Inocêncio III, no século XIII. A Esmolaria nasce formalmente neste período. Leão XIII, o Papa da primeira Encíclica social, a Rerum novarum (1891), confia à Esmolaria a faculdade de conceder a Bênção Apostólica através de pergaminhos. O Papa Pecci denunciava as dramáticas condições daquela que ele chamou de “a infinita multidão de proletários”, explorada por “um número muito pequeno de super ricos” e mobilizava toda a Igreja para que apoiasse os pobres criados pela Revolução Industrial.
Contas e aluguéis
Hoje, justamente graças aos recursos provenientes dos pergaminhos, além de outras doações, a Esmolaria pode ajudar em nome do Papa aqueles que passam por dificuldades. Em 2018, cerca de 3 milhões e meio de euros foram destinados àqueles que não podiam pagar aluguel, contas de luz e gás, medicamentos e necessidades básicas. Uma cifra ligeiramente superior àquela de 2017. As ajudas chegam a todos, sem distinções, muitos são italianos e romanos: não se deve esquecer que o Papa é o bispo de Roma.
Ajuda aos verdadeiros pobres
Geralmente são os párocos que escrevem ao Esmoler: eles indicam quem realmente precisa. O Esmoler envia ao pároco um cheque, que depois destina o valor a quem tem necessidade, acompanhado por um bilhete: “Doação do Santo Padre”.
A ajuda não passa por associações ou por várias entidades: chega diretamente à pessoa que o pároco considera em verdadeiro estado de necessidade. As contribuições que são enviadas a outros países, são solicitadas pelos Núncios espalhados por todo o mundo.
Um trabalho silencioso
A Esmolaria realiza todos os dias, em silêncio, sua atividade: sustenta refeitórios para os pobres, administra um ambulatório médico-sanitário sob a Colunata de Bernini, dedicado à “Mãe da Misericórdia”, juntamente com os chuveiros e a barbearia para os sem-teto, além do dormitório na Via dei Penitenzieri, pertinho do Vaticano.
Dar de acordo com a lógica do Evangelho
O atual Esmoler, cardeal Konrad Krajewski, é considerado “o braço da caridade do Papa”. Sua principal tarefa – diz – é “esvaziar a conta do Santo Padre para os pobres, segundo a lógica do Evangelho”.