Escutar o Pão da Vida!

    A liturgia do 18º Domingo do Tempo Comum repete, no essencial, a mensagem das leituras do passado domingo. Assegura-nos que Deus está empenhado em oferecer ao seu Povo o alimento que dá a vida eterna e definitiva.

    A primeira leitura(Ex 16,2-4.12-15) dá-nos conta da preocupação de Deus em oferecer ao seu Povo, com solicitude e amor, o alimento que dá vida. A ação de Deus não vai, apenas, no sentido de satisfazer a fome física do seu Povo; mas pretende também (e principalmente) ajudar o Povo a crescer, a amadurecer, a superar mentalidades estreitas e egoístas, a sair do seu fechamento e a tomar consciência de outros valores. A falta de pão e o desafio do deserto levam o povo a murmurar contra Moisés e contra Deus. As palavras de desconfiança revelam o longo processo pelo qual os hebreus ainda terão que passar para entrar na intimidade e conhecimento do seu Libertador. É um desafio que será cotidiano, indicando uma história que perpassará a Bíblia toda: tropeços, deslizes, falta de fé e necessidade de confiar. Entretanto, Deus está ali e dá forças. Nesse momento, o grande sinal é o Maná que não conheciam, mostrando a eles sua presença, seu cuidado e sua proteção.

    No Evangelho(Jo 6,24-35), Jesus apresenta-Se como o “pão” da vida que desceu do céu para dar vida ao mundo. Aos que O seguem, Jesus pede que aceitem esse “pão”  –  isto é, que escutem as palavras que Ele diz, que as acolham no seu coração, que aceitem os seus valores, que adiram à sua proposta. O desafio de Jesus diante dos que ouvem vai na mesma direção: eles precisam entender que o pão não é tudo, mas o ensinamento e a sua própria vida são geradoras de salvação. Ali, no deserto, estão diante do pão da vida, mas seus olhos enxergam apenas o que está muito perto, enquanto seu coração precisa fazer um longo caminho. A pedagogia de Jesus é partir  de um gesto concreto para revelar-se a si mesmo como verdadeiro alimento vindo de Deus. O acesso a esse alimento é a fé em Cristo, dom de Deus. O pão do céu é o que desce do Pai e dá a vida ao mundo.

    A segunda leitura(Ef 4,17.20-24) diz-nos que a adesão a Jesus implica o deixar de ser homem velho e o passar a ser homem novo. Aquele que aceita Jesus como o “pão” que dá vida e adere a Ele, passa a ser uma outra pessoa. O encontro com Cristo deve significar, para qualquer homem, uma mudança radical, um jeito completamente diferente de se situar face a Deus, face aos irmãos, face a si próprio e face ao mundo. Vivamos em contínua renovação, deixando nosso “velho homem” para nos transformarmos em “pessoas novas”, que assumem a justiça e a santidade de Deus. Mais difícil do que mudar hábitos e comportamentos é mudar de mentalidade.

    A vida eterna, que Jesus promete está em cada um de nós e se revela quando amamos nossos irmãos e irmãs e partilhamos os dons que o Pai nos concedeu. Ele, o alimento que gera vida nova, pede que trabalhemos em favor dessa nova vida, tornando-nos também nós “alimento” de esperança e de compaixão para com os outros.

    Verdadeiro Pão descido do céu, Jesus sacia nossa fome de vida, tornando-nos mulheres e homens novos e apontando-nos o caminho da santidade. Ele nos convida a buscar sempre esse alimento, que nos fortalece na caminhada. A Igreja nos apresenta a vocação dos ministros ordenados: diáconos, padres e bispos. O Papa Francisco nos interpela: “Assumam a missão como um serviço a Deus e ao seu povo, escrevem as páginas mais belas da vida sacerdotal”. Escutemos o Pão da Vida! Nesse primeiro dia do Mês vocacional que se abre, aprendamos o que significa escutar Jesus para que nossa vocação seja sincera e verdadeira, levando a outros a Palavra da Salvação.

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