Escolhas na vida!

    A liturgia do 16º. Domingo do Tempo Comum, nos fala do joio e o do trigo. Ao usar esta parábola Jesus nos dá o livre arbítrio de fazermos as escolhas da vida. A liturgia nos convida a descobrir o Deus paciente e cheio de misericórdia, a quem não interessa a marginalização do pecador, mas a sua integração na comunidade do “Reino”. Mais do que isso a Igreja, pela sua sabedoria litúrgica-sacramental, nos convida-nos, a entrar no universo de Deus, deixando que ela marque o olhar que lançamos sobre o mundo e sobre os homens.
    A primeira leitura(cf. Sb 12,13.16-19) nos fala de um Deus que, apesar da sua força e onipotência, é indulgente e misericordioso para com os homens – mesmo quando eles praticam o mal. Agindo dessa forma, Deus convida os seus filhos a serem “humanos”, isto é, a terem um coração tão misericordioso e tão indulgente como o coração de Deus.
    O Evangelho(cf. Mt 13,24-43) garante a presença irreversível no mundo do “Reino de Deus”. Esse “Reino” não é um clube exclusivo de “bons” e de “santos”: nele todos os homens – bons e maus – encontram a possibilidade de crescer, de amadurecer as suas escolhas, de serem tocados pela graça, até ao momento final da opção definitiva.
    O Evangelho fala como se a terra fosse um campo de trigo, no meio do qual nasce também o joio. E explica que o joio precisava crescer junto com o trigo até a colheita, para depois ser retirado, evitando assim que, ao arrancar o joio, com ele fosse arrancado o trigo. Diante da incompreensão dos discípulos Jesus se põe a explicar o significado de cada elemento que aparece na parábola. “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Maligno. O joio são os que pertencem ao Maligno. O inimigo que semeou o joio é o Diabo. A colheita é o fim dos tempos”(Cf. Mt 13,38-40) Os ceifadores são os anjos. Portanto, tanto Jesus como o Diabo são semeadores. Jesus semeia o bem, enquanto o Diabo semeia o mal. É como dissesse: Se você pratica o bem, colhe o bem, se pratica o mal, colhe o mal. Era a grande proposta de Deus para cada um de nós: o discernimento. Jesus não se propôs a separar o joio do trigo fora do tempo, e nem o demônio. Ambos estavam fazendo a sua parte: semeando.
    A colheita será uma só. Tanto se colhe bem o trigo como o joio; tanto se faz uso do trigo como do joio, embora tenham sentidos diametralmente opostos. O importante é sabermos de que lado estamos nos posicionando. Devemos passar por esta vida dialogando sempre com Deus, pedindo, procurando, exercendo a experiência do discernimento, questionando-o: “Deus, eu não entendi! O que está acontecendo? Me explica! Jesus, vamos conversar? Hoje, quero te escutar.” Não vamos agir por impulso. Não sejamos impetuosos ou por inquietude, por confusão, aonde tudo é feito às pressas. Sejamos prudentes, tranquilos, porque Deus conhece toda a situação por que passa o mundo, a Igreja, os seus ministros, a cada um de nós os batizados.
    Nosso Senhor Jesus Cristo tem paciência de que nós seremos transformados. E Ele quer que também tenhamos paciência e acreditemos que muito joio pode se transformar em trigo pela Palavra de Deus. Na parábola do Evangelho de hoje, os empregados vieram perguntar ao dono do campo: “Queres que vamos arrancar o joio?” (cf. Mt 13,28). E ele respondeu: “Não! Pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e o amarrai em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro” (cf. Mt 13,29-30).
    Nós caminhamos no meio de pessoas que são boas e ruins. Estamos no meio de pessoas que são honestas, sinceras e verdadeiras. Mas, no meio de nós, há também muita desonestidade, falsidade e hipocrisia. Caminhamos no meio de pessoas que querem ser melhores, mas há aqueles que praticam a maldade, fazem questão de ser ruins. O Senhor teve – e tem – paciência para conosco, para com nossos limites e falhas, para as coisas erradas que nós muitas vezes cometemos consciente ou até mesmo inconscientemente. Ele tem paciência de que nós seremos transformados. Não vamos tolerar o mal, aceita-lo, mas transformar o mal em bem, fazer escolhas certas, com paciência, prudência e caridade, testemunhando a bondade divina.
    A segunda leitura(cf. Rm 8,26-27) sublinha, doutra forma, a bondade e a misericórdia de Deus. Afirma que o Espírito Santo – dom de Deus – vem em auxílio da nossa fragilidade, guiando-nos no caminho para a vida plena. Só o Espírito de Deus, que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis nos ajudará a produzir bons frutos em favor da dilatação do Reino de Deus! Façamos escolhas acertas, escolhendo sempre o sumo bem que é trigo, Jesus Cristo, Vivo e Ressuscitado, que em cada Eucaristia se dá a cada um de nós para que possamos viver a bondade divina: “Ó Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!” Amém!

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