Estudos mostram que, quanto mais valorizamos a felicidade, mais nos sentimos infelizes
Mas veja bem: não estou dizendo que não faz sentido se exercitar ou ingerir alimentos nutritivos. A vida deve ser vivida da melhor maneira possível. O que quero dizer é que, se estivermos fazendo essas coisas apenas porque pensamos que elas nos trarão a felicidade, estamos destinados à decepção.
A busca pela felicidade está nos deixando tristes. Tornou-se um bezerro de ouro, um ídolo que cobiçamos como o objetivo e o propósito de nossas vidas. Ouça atentamente como as pessoas descrevem a felicidade, como é retratada na televisão e no cinema. Falamos sobre ela como se a merecêssemos ou como se a falta dela significasse que algo dará terrivelmente errado e precisaremos fazer mudanças pessoais drásticas para adquiri-la.
Você vê o que aconteceu? A felicidade tornou-se uma mercadoria, um objeto que egoisticamente cobiçamos. A maneira como pensamos sobre a felicidade é como se ela fosse um produto com um preço. Se você pagar o preço, por exemplo, indo à academia, a expectativa é que o custo valha a pena. Se eu malhar, espero que meu corpo saudável e em forma conceda meu desejo de felicidade, mas isso nunca acontece. Outros exemplos são ainda mais desanimadores. As pessoas citarão a busca da felicidade pessoal para justificar as decisões mais egoístas, agindo com irresponsabilidade egocêntrica. Essas escolhas sempre saem pela culatra, deixando-nos mais descontentes do que antes.
Há uma razão psicológica pela qual a busca pela felicidade sempre fica aquém do que esperamos. Estudos mostram que quanto mais você valoriza a felicidade, menos feliz você é, o que significa que se você se concentrar em um ideal de felicidade, quando na verdade ja é feliz, acabará desapontado, porque achará que não é tão feliz quanto você pensa. Ficamos tão convencidos de como é a felicidade imaginária que sentimos falta dela quando realmente somos felizes. É um processo autodestrutivo.
Então, como podemos ser felizes?
Primeiro, não podemos esperar que uma resolução de ano novo, uma grande compra ou uma mudança drástica na vida traga felicidade automaticamente. Podem ser mudanças que desejamos e precisamos fazer em nossas vidas, mas devemos fazê-las por si mesmas, não por causa do benefício percebido da felicidade no futuro. A maneira de quebrar o paradoxo, o segredo para ser feliz, é realmente bastante simples – pare de ficar obcecado por isso.
Santo Agostinho, um homem que procurou desesperadamente a felicidade (e falhou) durante a primeira metade da vida, finalmente desistiu de perseguir mulheres, desejo de fama e sucesso na carreira para pensar um pouco sobre o que havia dado errado em sua busca pela felicidade.
Ele percebeu que suas motivações eram prejudiciais; eram uma forma de amor fora de lugar. Ele queria sentir a emoção de ser feliz, então amava egoisticamente as coisas erradas ou amava as coisas certas, mas da maneira errada. Se ficarmos obcecados com a felicidade pessoal, tenderemos a amar apenas o que achamos que irá beneficiar a nós mesmos; portanto, o amor é corrupto e, em última análise, é muito egocêntrico.
O objetivo de nossa existência é dar e receber amor verdadeiro, encontrar nossa felicidade esquecendo de nós mesmos e abrindo nossos corações para os outros. Este é o amor corretamente ordenado. Sabendo disso, torna-se óbvio como uma obsessão pela felicidade pessoal irá inevitavelmente falhar. O amor a si próprio abre o caminho para a infelicidade.
Vale a pena fazer uma resolução de ano novo: não se preocupe com a busca da felicidade. Esquecer de nós mesmos, amar as pessoas ao nosso redor, deliciar-se com sua felicidade e cultivar gratidão a cada dia nos colocam em um caminho diferente. Esse caminho não promete felicidade pessoal no fim do arco-íris. Se você der seu amor, se você procurar fazer as pessoas felizes primeiro, quando olhar para a sua vida, descobrirá que, o tempo todo, você ficou muito, muito feliz.