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Mineração, expansão das culturas agrícolas e do sistema de produção, proteção da terra e das culturas indígenas: estes foram os pontos centrais expostos por Martín Torrico, leigo católico, professor do Instituto Pan-amazônico da Bolívia, durante o seminário online (webinar) “Amazônia e os povos indígenas”, espaço promovido pela REPAM Bolívia e pelo Centro Ricardo Bacherer para a Promoção de Leigos.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, recordou Torrico, a mineração de ouro na Bolívia despeja na natureza cerca de 100 toneladas de mercúrio a cada ano, ou seja, por volta de 6% do total do mercúrio lançado no meio ambiente do mundo, o que é um dado alarmante.
Por outro lado, a expansão das terras agrícolas – acrescenta ele – está diretamente relacionada com as políticas e regulamentações estatais que promovem a agricultura extensiva e a pecuária.
A produção de monoculturas nessas áreas é destinada principalmente à produção de biocombustíveis e rações: um modelo extrativista que não está em conformidade com os modelos tradicionais de produção dos povos indígenas.
Segundo a nota enviada à Agência Fides pela REPAM, foram ouvidos diversos testemunhos e reflexões de leigos e sacerdotes, religiosos, missionários, lideranças indígenas, em duas mesas redondas promovidas na plataforma online “Zoom”. Em cada uma delas foram discutidas as crescentes ameaças à Amazônia.
Na conclusão, foi destacada a necessidade de políticas governamentais que sejam favoráveis às populações e às regiões mais necessitadas, no respeito do ecossistema e das culturas das populações indígenas amazônicas.
“A terra e o território continuam a ser o fulcro de uma questão polêmica que não somente tem uma base material, mas também tem um profundo fundamento espiritual, como afirma a Encíclica Laudato si, observou.
A realidade vivida por famílias e comunidades indígenas na região de Cochabamba é difícil, dura e dolorosa, devido ao impacto socioeconômico, que obrigou muitos a deixar de lado a produção de alimentos para se dedicar ao plantio de coca. “Existe uma submissão dos povos indígenas a culturas, costumes e visões de mundo alheios”, foi a denúncia expressa durante o webinar.
Todos os pronunciamentos sublinharam a urgência de “tomar consciência do sofrimento de irmãs e irmãos na Amazônia, vítimas de uma constante ameaça de aniquilação de sua cultura e tradições”.
Neste sentido, é urgente interrogar-se sobre as ações que todos, instituições, Igrejas, sociedade civil na Bolívia ocidental podem realizar para proteger a Amazônia.
(CE – Agência Fides)