Em mensagem para o Domingo do Mar, Pontifício Conselho pede reconhecimento ao trabalho dos marítimos

Por ocasião do  Domingo do Mar, a ser celebrado no próximo dia 12 de julho, o Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, do Vaticano, divulgou nesta quarta-feira, 1º, uma mensagem na qual faz votos de que as comunidades cristãs e a sociedade em geral reconheçam os trabalhos prestados pelas “pessoas do mar”. O texto é assinado pelo presidente do dicastério, cardeal Antônio Maria Vegliò.

O Pontifício Conselho destaca o transporte de mercadorias e produtos por todo o mundo e a responsabilidade da economia global confiada em grande parte à tarefa da indústria marítima, “apoiada por uma força de trabalho de cerca 1,2 milhões de marinheiros que, nos mares e oceanos, governam navios de todos os tipos e dimensões e enfrentam, por sua vez, as poderosas forças da natureza”.

O texto ressalta ainda que a importância e os benefícios oferecidos pela profissão marítima à vida de todos muitas vezes não são reconhecidas, e as tripulações dos navios são “invisíveis”, devido aos portos serem longe das cidades. “Ficamos conscientes de seu trabalho e de seus sacrifícios somente quando ocorre uma tragédia”, consta na mensagem.

Resgate de migrantes

A mensagem retrata ainda a situação do resgate diário de milhares de migrantes encontrados pela guarda costeira e forças navais da Itália, Malta e União Europeia, que buscam fugir da atual situação de guerra, violência e estabilidade política de vários países, criando um novo fenômeno que afeta o setor de transporte marítimo. Os migrantes são encontrados pelos navios mercantis em trânsito pelo Mar Mediterrâneo, em todos os tipos de embarcações lotadas e inadequadas à navegação. 

É lembrado que, apesar dos marinheiros cumprirem com a obrigação de prestar assistência a pessoas em perigo no mar, o salvamento realizado pelos navios mercantis, que são projetados para o transporte de mercadorias e o serviço de bordo construídos de acordo com o número de membros da tripulação, representa um risco à saúde, bem-estar e segurança de seus tripulantes.

Traumas

A experiência traumática que exaure e estressa psicologicamente os marítimos pelo esforço de salvar o máximo de pessoas possíveis e por vezes ainda encontrar cadáveres flutuando, muitas vezes exige um apoio psicológico e espiritual específicos. 

A mensagem da Igreja Católica para o Domingo do Mar reconhece os grandes esforços humanitários realizados pelas tripulações, que arriscam até suas vidas envolvendo-se em numerosas operações de resgate. A Igreja expressa gratidão aos marítimos pela fundamental contribuição ao comércio internacional. O agradecimento é estendido também a todos os capelães e voluntários do Apostolado do Mar por seu compromisso diário em servir os marítimos.

Ao final do texto, há um pedido aos governos europeus e os de proveniência dos fluxos migratórios, bem como às organizações internacionais, para que cooperem na busca de uma solução política duradoura e definitiva, que acabe com a instabilidade existente naqueles países. Pede ainda mais recursos, não só para missões de busca e salvamento, mas também para prevenir o tráfico e a exploração de pessoas que fogem de condições de conflito e pobreza.

Apostolado do Mar

O Domingo do Mar teve origem em 1975, quando o Apostolado do Mar e a Mission to Seafarers e a Sailors’ Society decidiram estabelecer um dia para reconhecer a contribuição dos marítimos à economia mundial. A partir de então, a Igreja organiza uma celebração especial na qual recorda os marítimos e reza por eles, por suas famílias e por todos que se dedicam ao seu serviço.

Em muitos portos, as atividades para sensibilizar acerca da situação dos marítimos e de seu trabalho geralmente são realizadas em conjunto com outras denominações cristãs e, por isso, o evento também tem uma importância ecumênica, sendo testemunho de unidade de propósitos e cooperação, em vista da proteção dos direitos dessas pessoas.

Fonte: CNBB