O candidato presidencial da Frente de Todos, Alberto Fernández, disse que tem a “decisão política” de despenalizar e legalizar o aborto na Argentina.
Fernández, que tem como companheira de Frente a ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner, expressou sua posição pró-aborto em uma entrevista ao programa Corea do Centro, na Net TV, em 12 de agosto, um dia depois de vencer as eleições primárias na Argentina, contra o atual presidente Mauricio Macri.
“Eu tenho a decisão política. Eu tenho a decisão política porque não quero mais que nenhuma mulher morra”, afirmou sobre sua posição a favor do aborto o candidato, cujo triunfo no domingo, 11, fez com que os mercados financeiros reagissem em pânico na segunda-feira diante da possibilidade de que o peronismo retome o poder.
Naquele dia, o dólar subiu de 45 para 60 pesos e o Banco Central teve que elevar a taxa de juros para 74% e vender cem milhões de dólares em reservas para deter a desvalorização. Além disso, a moeda dos EUA terminou em 55 pesos por unidade.
Segundo o candidato da Frente de Todos, “há duas etapas” para atingir seu objetivo em favor do aborto. “Há uma etapa muito fácil que praticamente ninguém deveria discordar, que é a fase de despenalização”, afirmou.
“Sabe com o que termina? Com a clandestinidade do aborto. Com a despenalização, o aborto deixa de ser clandestino e as mulheres têm muito mais mecanismos para preservar sua saúde. O que não podemos é nos omitir ao que está acontecendo e, definitivamente, acho que tem que ser legalizado. Mas acho que podemos dar um primeiro passo despenalizando-o imediatamente e, assim, conseguiremos que o aborto deixe de ser clandestino”, acrescentou.
As declarações de Fernández foram feitas alguns dias depois da celebração do Dia Internacional de Ação pelas Duas Vidas, que recorda a vitória pró-vida de 8 de agosto de 2018, quando em um debate histórico o Senado argentino rejeitou o projeto para despenalizar o aborto.
A mobilização para defender as vidas da mãe e do nascituro originou a Onda Celeste, que se espalhou para outros países da América Latina.
Deste movimento surgiu a Frente NOS, que promove os valores da vida e da família e que também conseguiu entrar nas eleições gerais argentinas de 27 de outubro, depois de passar pelas primárias do domingo, 11 de agosto.
Esta frente tem como candidato presidencial o ex-diretor das Alfândegas e do Banco Nacional, Juan José Gómez Centurión, e como candidata à vice-presidência, a ex-deputada nacional e representante do partido Valores para o meu País, Cynthia Hotton.