Eles também foram refugiados. Mas eles foram acolhidos.
Segundo informações da ACNUR (2014), existem mais de 51 milhões de refugiados espalhados pelo mundo, número que supera a quantidade de refugiados provocada pela II Guerra Mundial, a maior catástrofe bélica de todos os tempos.
Diversos setores da sociedade europeia temem a (real) possibilidade de que, entre os refugiados, haja fanáticos jihadistas do Estado Islâmico infiltrados como “cavalos de Troia”. O risco, obviamente, existe e ninguém o nega.
No entanto, a história nos recorda que esses fluxos migratórios forçados trazem mais bem do que mal para as sociedades receptivas: não são poucos os países que experimentaram notório progresso justamente por causa de grandes ondas migratórias, nem poucos os personagens ilustres da história que foram não apenas migrantes, mas, especificamente, refugiados.
Edith Stein (Santa Teresa Benedita da Cruz)
Filha de uma família judaica praticante, ela foi vítima da barbárie nazista, se converteu ao catolicismo e, com o recrudescimento da perseguição antissemita, precisou ser transferida do carmelo de Colônia, na Alemanha, para o de Echt, na Holanda, transformando-se assim em refugiada.
Cruzou a fronteira acompanhada por um amigo médico. Depois da ocupação alemã, foi presa e levada para diversos campos de concentração, até acabar assassinada no de Auschwitz.
Escreveu vários textos sobre a sua condição de refugiada e sobre a barbárie nazista. Pouco antes de ser presa pela Gestapo, compôs seu testamento espiritual, oferecendo a sua morte como testemunho de salvação não só para o povo judeu, mas para todos os homens e pela paz verdadeira.
Frederic Chopin
Filho de pai francês emigrado para a Polônia, teve que voltar à França exilado devido ao fracasso da revolução polonesa de 1830 contra o domínio russo.
Foi na França que ele obteve renome como pianista e compositor. Viveu de cabeça erguida a condição de refugiado e não deixou de sonhar com a liberdade da Polônia, chegando a compor mazurcas, noturnos e polonesas para sensibilizar as pessoas sobre o conflito naquele país.
Albert Einstein
É um dos refugiados mais célebres de todos os tempos. Físico alemão de origem judaica, ele se nacionalizou suíço e norte-americano depois de ter de abandonar a Alemanha, em 1932, por causa da perseguição antissemita.
Além da ciência, Einstein se dedicou a promover a paz. Escreveu sobre o federalismo, o internacionalismo, a liberdade individual e a liberdade de expressão.
Robert Capa
Grande fotógrafo da guerra, foi exilado primeiro da Hungria e depois da Alemanha, quando Hitler chegou ao poder. Suas imagens retrataram os horrores da guerra civil espanhola, da segunda guerra sino-japonesa, da II Guerra Mundial, da guerra árabe-israelense de 1948 e da primeira guerra da Indochina, o que o transformou em ícone da luta pela dignidade humana. Sua condição de refugiado e apátrida o tornou especialmente sensível às guerras do século XX.
Ser refugiado não é sinônimo apenas de medo e perigo; pode significar, também, oportunidade e progresso – para o próprio refugiado e para o mundo que o resgata da barbárie e da morte.
Nós falhamos com Aylan. E, ao continuar falhando com milhares de outros IRMÃOS, falhamos com nós próprios como humanidade.
Fonte: Aleteia