Na vida, há tempos e momentos que exigem decisões sérias, que logo devem ser assumidas com todas as suas conseqüências. Jesus colocou os Apóstolos diante de uma dessas decisões naquele diálogo com eles perto de Cesareia de Felipe. Pediu-lhes, nem mais nem menos, que se definissem ante Ele. Hoje a pergunta ecoa também para nós. “E vocês, quem dizem que eu sou?” Não é uma questão superficial. Pedro dá a impressão de que é capaz de respondê-la de pronto. Mas logo percebemos que a sua resposta falta convicção. De fato, Pedro não havia entendido nada ou quase nada. Quando Jesus começou a explicar o que significava ser o Messias, então Pedro se empenhou para dissuadi-lo. Jesus chama a atenção dele e prossegue apresentando o que será sua vida e a de seus seguidores. “Aquele que me quiser seguir…”
É que o cristão pode ser que encontre resistência nos que o rodeiam na sociedade. O ambiente pode lhe tornar mais difícil ser cristão. É verdade. Mas há outra resistência que provém de dentro da pessoa. É a resistência à Palavra de Deus. A ela alude a leitura do profeta Isaias: “O Senhor me fez ouvir suas palavras e eu não opus resistência.” O profeta não se lhe opôs, mas nós, talvez, sim. Talvez nos dê medo assumir as conseqüências de seguir Jesus, de nos comportarmos como cristãos em nossa família ou em nosso bairro, de nos aproximarmos dos mais frágeis e necessitados e compartilhar com eles nosso tempo ou nossos bens, de perdoar com generosidade da mesma forma como Deus nos perdoa. Precisamos ser fortes, às vezes, para sermos cristãos e amar a todos como Deus nos amou em Cristo. Em nossos ouvidos voltam a ressoar as palavras de Jesus: “Aquele que quiser me seguir…”
Porque ser cristão não é questão de soltar um grito num determinado momento, dizendo: “Sim, eu quero seguir Jesus”, e logo esquecer-se do que foi dito, seguindo como se nada tivesse mudado em nossa vida. Ser cristão significa comportar-se como tal não apenas aos domingos, mas também durante os dias da semana. Que não aconteça que o apóstolo Tiago nos pergunte: “De que aproveitará a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras?” Pode-se falar em voz alta, mas não de maneira mais clara. Nós sabemos, na verdade, que a fé é demonstrada nas obras, na forma de nos relacionarmos com os nossos irmãos e irmãs, em nossa capacidade de compartilhar a vida e o que temos e em nossa capacidade de c amar sem medida e perdoar com generosidade. Decidir-nos por Jesus não é apenas confessar como Pedro em Cesareia, que Ele é o Messias. Decidir-nos por Jesus é viver as conseqüências cada dia de nossa vida.