“Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste” (Sl 21/22).
Celebramos neste Domingo a entrada triunfal do Senhor em Jerusalém. A vida pública de Jesus é um caminhar onde passa por toda a Judéia anunciando o Reino de Deus até entrar em Jerusalém. Essa era a missão de Nosso Senhor para cumprir aquilo que Deus determinou e selar de uma vez por todas a nova aliança.
Ao longo dos quarenta dias da Quaresma, acompanhamos Jesus sofrendo as tentações no deserto, subindo ao monte e se transfigurando diante dos discípulos, ensinando que Deus nos perdoa infinitamente e mostrando para nós o caminho da conversão. Durante esse tempo, fomos convidados por Deus a seguirmos três práticas espirituais: oração, caridade e jejum. Além disso, fomos incentivados a fazermos penitência, abstinência de carne e nos aproximarmos do sacramento da reconciliação com as consequências sociais, como nos impulsiona a Campanha da Fraternidade sobre a ecologia integral.
Conforme falamos, Jesus entra de forma triunfal em Jerusalém, mas o mesmo povo que o aclama como rei depois o condena à morte de cruz. Jesus foi obediente em tudo à vontade do Pai e aceitou em silêncio tudo o que fizeram contra Ele. Jesus entra em Jerusalém de cabeça erguida e consciente de que cumpriria a vontade do Pai. Ele entra na cidade montado num jumentinho. O domingo de Ramos é também o domingo da Paixão, quando se lê no Evangelho o relato da Paixão do Senhor.
A partir do Domingo de Ramos iniciamos a Semana Santa, que foi precedida conforme tradição devocional pela Semana das Dores de Nossa Senhora. Esta é a semana maior para nós cristãos, onde somos convidados a vivê-la de forma intensa. Os textos propostos nas celebrações nos ajudarão a entrar no mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor. No Domingo de Ramos, entramos com o Senhor em Jerusalém e o aclamamos como rei, imitando o povo de Israel. Ao longo da semana, somos convidados a seguir os passos de Jesus, participar da última ceia, “morrer” com Ele na Sexta-feira Santa e ressuscitar com Ele na Páscoa.
Na missa deste domingo de Ramos, teremos dois grandes momentos. O primeiro inicia-se com todo o povo reunido na porta da Igreja, do lado de fora, e é proclamado o Evangelho que narra a entrada de Jesus em Jerusalém, montado num jumentinho e aclamado como o Rei dos Judeus. Após a proclamação do Evangelho, acontece o segundo momento: a procissão de todo o povo aclamando o Senhor com os ramos e entrando na Igreja. Após a procissão, a missa segue como de costume e o Evangelho é a narrativa da paixão, preparando-nos para aquilo que vamos celebrar na Sexta-feira Santa.
O ato penitencial desta missa é substituído pela procissão e bênção dos ramos, que possuem um caráter penitencial. Sua morte foi para nos resgatar do pecado e nos dar uma vida nova. Durante esta semana, que se inicia hoje com a missa de Ramos, ainda podemos realizar nossa confissão sacramental, para bem celebrarmos a Páscoa do Senhor.
Ao chegar à Igreja após a procissão, o presidente da celebração profere a oração da coleta, pedindo, sobretudo, que a exemplo de Jesus possamos ressuscitar para uma vida nova.
A primeira leitura desta missa é de Isaías (Is 50, 4-7), que retrata o Servo Sofredor, comparado a Jesus, pois, assim como Ele, sofre em silêncio e confia na misericórdia de Deus.
O salmo responsorial proclama: “Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste?” (Sl 21/22). É um salmo de angústia, onde o profeta se sente sozinho diante de seus inimigos, mas confia que Deus não o abandonará.
A segunda leitura é da Carta de São Paulo aos Filipenses (Fl 2, 6-11), que nos ensina que Cristo se esvaziou totalmente de si, tornando-se obediente até a morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo, e ao nome de Jesus todo joelho se dobra no céu e na terra.
A narrativa da Paixão é de Lucas (Lc 22, 14-23, 56), que nos acompanha ao longo do Ano Litúrgico C. Na Sexta-feira Santa, ouviremos a versão de João. A trajetória de Jesus até a cruz inicia-se com sua entrada em Jerusalém, sua última ceia, sua angústia no Jardim das Oliveiras, sua prisão e abandono pelos discípulos, seu julgamento por Pilatos e sua condenação e morte. O mesmo povo que o aclamou como rei, dias depois pede sua crucificação.
Jesus carrega a cruz com todos os nossos pecados. Nos ensina que devemos carregar nossa cruz diária e que para se chegar à glória da ressurreição, muitas vezes precisamos passar por sofrimentos. O sofrimento é passageiro, mas a glória da ressurreição é eterna.
Iniciemos neste domingo junto com Jesus sua trajetória rumo ao calvário, paixão, morte e posterior ressurreição. Esta é uma semana de profunda oração, penitência, jejum e abstinência. Caminhemos com Cristo, atualizando os eventos da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Intensifiquemos nossa vida de oração, participemos das celebrações, procissões, vias-sacras e do Tríduo Pascal. Temos a liturgia, as devoções e a cultura neste tempo.
Passemos pelo calvário com Jesus para ressuscitar com Ele para uma nova vida.