Domingo de Ramos

    Com a celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, a Igreja abre a Semana Santa. Nesta Eucaristia solene que abre a Grande Semana da nossa fé, a Semana Santíssima, que culminará com a Solenidade da Páscoa, Domingo próximo. Este Domingo sagrado celebra dois mistérios: (1) a Entrada solene do Senhor Jesus em Jerusalém para viver sua Passagem do mundo para o Pai e (2) o Mistério de sua Paixão, Morte e Sepultura. Daí o título deste dia: Domingo de Ramos e da Paixão. A procissão é de ramos; a Missa é da paixão.

    Jesus é saudado como o Rei de Israel, novo Davi, Messias que chega à Cidade de Davi! E Jesus, de fato, é Rei, é Messias! A festa de hoje é, em certo sentido, uma festa de Cristo Rei, Rei-Messias! É uma festa de exultação! Mas, estejamos atentos: Ele entra na Cidade Santa montado não num cavalo, que simboliza poder e força, mas entra num jumentinho, usado pelos pobres nos serviços mais humildes e duros. Isto tem muito a nos dizer: Jesus é o Messias, mas um messias pobre, um messias servo, que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45).

    Na primeira leitura – (cf. Is 50,4-7) – o profeta Isaias, com boa antecedência, retratou o comportamento do futuro Messias: atento à mensagem recebida e impassível diante do sofrimento, guarda fidelidade absoluta à vontade do Pai! Atento e fiel até o fim! Como na profecia de Isaías, Jesus é aquele que veio confortar as pessoas abatidas. É ele que tem os ouvidos excitados para, como bom discípulo, ouvir e cumprir a vontade de Deus. Ele não foge do perigo, não se resguarda nem se protege, pois confia imensamente em Deus, a quem chama de “meu auxiliador”. Sua liberdade consiste em não estar preso a si mesmo, não fazer a própria vontade nem reagir à violência sofrida. Na sua mansidão, ele confia absolutamente em Deus.

    Na segunda leitura – (cf. Fl 2,6-11) – São Paulo, na segunda leitura de hoje, confirma isso com palavras não menos impressionantes: “Jesus Cristo, existindo na condição divina, esvaziou-se de si mesmo, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de Cruz”. Caríssimos em Cristo, num mundo que nos tenta a ser os donos da verdade, desprezando os preceitos do Senhor Deus e seus planos para nós, aprendamos a humilde obediência de Cristo Jesus, entremos em comunhão com o Cristo obediente ao Pai até a morte. Só então seremos livres realmente, somente então viveremos de verdade!

    No Evangelho – (cf. Mc 15,1-39) – vemos que o cortejo se organizou rapidamente. Jesus faz a sua entrada em Jerusalém, como Messias, montado num burrinho, conforme havia sido profetizado muitos séculos antes (cf Zc. 9,9). Jesus aceita a homenagem, e quando os fariseus, que também conheciam as profecias, tentaram sufocar aquelas manifestações de fé e alegria, o Senhor disse-lhes: “Eu vos digo, se eles se calarem, as pedras gritarão.” (Lc 19, 40). Hoje Jesus quer também entrar triunfante na vida dos homens, sobre uma montaria humilde: quer que demos testemunho d’Ele com a simplicidade do nosso trabalho bem-feito, com a nossa alegria, com a nossa serenidade, com a nossa sincera preocupação pelos outros. Quer fazer-se presente em nós através das circunstâncias do viver humano. Naquele cortejo triunfal, quando Jesus vê a cidade de Jerusalém, chora! Jesus vê como Jerusalém se afunda no pecado, na ignorância e na cegueira. O Senhor vê como virão outros dias que já não serão como estes, um dia de alegria e de salvação, mas de desgraça e ruína. Poucos anos depois a cidade será arrasada. Jesus chora a impenitência de Jerusalém. Como são eloquentes estas lágrimas de Cristo.

    Fizemos memória da Entrada do Senhor Jesus em Jerusalém. Ele é o Filho de Davi, o Messias esperado por Israel, que vem tomar posse de sua Cidade Santa. Mas, que surpresa! É um Messias humilde, que entra não a cavalo, mas num humilde burrico, sinal de serviço e pequenez. Ei-lo: seu serviço será dar a vida pela multidão. Ele é Rei, mas rei coroado de espinhos e não de humana vanglória. Termos seguido o Senhor nessa solene procissão com ramos é tê-lo reconhecido como nosso rei, rei pobre e humilde. Tê-lo seguido é nos dispor a segui-lo nas pobrezas e humildades da vida, dispondo-nos a participar de sua paixão e cruz para ter parte na glória de sua ressurreição.

    Somos convidados a celebrar bem este dia os demais dias que se aproximam desta semana. O evangelista Marcos descreve a fidelidade de Jesus ao Plano salvador do Pai. Ele é a Boa Notícia para os pobres; notícia que incomoda os poderosos causadores de sua morte. O centurião romano, vendo-o morrer, exclamou: “Ele é verdadeiramente o Filho de Deus!”.

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