Domingo da Sagrada Família

    Amados irmãos e irmãs,

    Hoje, a Igreja celebra a festa da Sagrada Família: Jesus, Maria e José. É uma oportunidade para refletirmos sobre o valor da vida familiar e sobre o modelo que Deus nos oferece através dessa família santa de Nazaré.

    A Palavra de Deus proclamada neste domingo medita sobre a importância do amor, do respeito e da presença de Deus na vida familiar.

    Na primeira leitura, do livro do Eclesiástico, ouvimos:

    “O Senhor glorifica o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra seu pai alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração cotidiana. Quem respeita sua mãe é como alguém que ajunta tesouros. Quem honra seu pai terá alegria com seus próprios filhos e, no dia em que orar, será atendido. Quem glorifica o pai terá vida longa, e quem obedece ao pai é o consolo da sua mãe. Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não o desgostes durante a sua vida. Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura ser compreensivo para com ele; não o humilhes em nenhum dos dias de sua vida. A caridade feita ao pai não será esquecida, e, para reparares os teus pecados, ela será contabilizada como justiça.” (Eclo 3,2-6.12-14).

    Esse texto nos ensina que honrar pai e mãe é mais do que um dever; é um caminho de santidade e bênção. O respeito pelos pais não se limita à obediência durante a infância, mas se estende ao cuidado e ao amor, especialmente na velhice.

    Nos dias de hoje, quando tantas famílias enfrentam crises de convivência, essa leitura nos desafia a resgatar o valor do respeito mútuo e do cuidado com aqueles que nos deram a vida.

    Na segunda leitura, São Paulo nos apresenta um verdadeiro manual para a vida familiar:

    “Revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver motivo de queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós. Mas, acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Que a paz de Cristo reine em vossos corações, à qual fostes chamados como membros de um só corpo. E sede agradecidos. Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria. Do fundo dos vossos corações, cantai a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de graças. Tudo o que fizerdes em palavras ou obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus Cristo, dando por ele graças a Deus Pai. Esposas, sede solícitas para com vossos maridos, como convém no Senhor. Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, pois isso é bom e correto no Senhor. Pais, não intimideis os vossos filhos, para que eles não desanimem.” (Cl 3,12-21).

    São Paulo nos convida a revestir-nos de virtudes como misericórdia, bondade e paciência, que são indispensáveis para uma convivência familiar harmoniosa. Ele destaca também a importância do perdão, que é essencial para superar os conflitos que surgem no dia a dia.

    Além disso, o apóstolo nos lembra que o amor é o vínculo perfeito que une todas as virtudes. Sem amor, as famílias se tornam frágeis e vulneráveis.

    No Evangelho, contemplamos o episódio em que Jesus, ainda menino, permanece no templo enquanto seus pais voltam para casa:

    “Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o encontraram no templo, sentado no meio dos mestres, escutando-os e fazendo-lhes perguntas. Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados, e sua mãe lhe disse: ‘Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura’. Jesus respondeu: ‘Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devo estar na casa de meu Pai?’ Eles, porém, não compreenderam a palavra que ele lhes falou. Jesus desceu então com seus pais para Nazaré e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas essas coisas. E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens.” (Lc 2,41-52).

    Esse episódio nos revela a centralidade de Deus na vida de Jesus e, ao mesmo tempo, sua obediência e submissão a Maria e José. Ele nos ensina que a vida familiar é um lugar onde aprendemos a viver nossa fé no dia a dia, com humildade e simplicidade.

    Queridos irmãos e irmãs, a Sagrada Família nos inspira a buscar a santidade em nossas casas. Maria e José enfrentaram desafios, mas mantiveram sua fé e confiaram em Deus. Jesus, por sua vez, nos mostra que a obediência e o respeito dentro da família são expressões do amor ao Pai celestial.

    Que possamos colocar Jesus no centro de nossas famílias, buscando a paz, o amor e a harmonia. Que a Sagrada Família interceda por nós e nos ajude a viver como verdadeiras famílias cristãs.

    Amém.

    +Anuar Battisti
    Arcebispo Emérito de Maringá (PR)

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