A sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), recebe nesta manhã de quinta-feira um seminário sobre os efeitos e impactos da integração de refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil. A atividade, realizada pelas organizações que promovem o projeto “Acolhidos por meio do trabalho” foi aberta pelo bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers.
Em sua fala, dom Ricardo destacou o foco do evento na apresentação de resultados propositivos de um projeto que investe na convivência humana, tendo a pessoa como centro: “É olho no olho, é experiência familiar, fortalecimento de vínculos, relações saudáveis. Esta é uma prova concreta de que é possível sim superar a cultura do descarte, superar a cultura da indiferença, através da experiência fraterna e da amizade social”, afirmou.
O seminário promovido pela Avsi Brasil e a CNBB, entidades que atuam junto com o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) no projeto, é oportunidade de apresentação dos resultados de uma pesquisa de efeito e impacto sobre a integração socioeconômica em cidades que acolhem os migrantes e refugiados. Participam do evento representantes de instituições e organismos internacionais que atuam em parceria com a Operação Acolhida, que é a resposta humanitária do Governo Federal direcionada ao atendimento de venezuelanos que buscam um nova vida no Brasil.
Construir humanidade mais justa
A CNBB está envolvida nesse projeto na acolhida de migrantes e refugiados em Brasília, com a oferta de um espaço para a residência provisória de famílias e a realização de atividades formativas e de assistência social, a Casa Bom Samaritano.
Dom Ricardo ressaltou que a experiência da Casa Bom Samaritano “nos faz acreditar que é possível sim construir uma humanidade mais justa, mais humana e mais solidária a partir de experiências de relações humanas verdadeiras, sinceras e profundas”.
O secretário-geral da CNBB também manifestou o desejo de “fazer ecoar o projeto Bom Samaritano não só como um case de sucesso, mas uma verdadeira experiência de comunhão de boas práticas, e que merece ser divulgado e conhecido”.
Três frentes de trabalho
Em sua atuação na Operação Acolhida, a AVSI Brasil tem atuado em três frentes: no ordenamento da fronteira, envolvendo a recepção, identificação, documentação, triagem e cuidados médicos básicos aos venezuelanos que chegam ao Brasil pela fronteira com Roraima; no abrigamento, por meio de acomodação em abrigos e albergues na zona fronteiriça, com alimentação, educação, cuidados em saúde e proteção social; e na interiorização voluntária, que trata do deslocamento dessa população para outros estados do Brasil com a finalidade de facilitar a sua inserção social e econômica.
Tais ações da Avsi Brasil possibilitaram, de 2019 a 2023, a interiorização voluntária de 3.360 pessoas membros de núcleos familiares de refugiados e migrantes venezuelanos. Desse grupo, 1.329 indivíduos foram integrados com emprego regular. Na Casa Bom Samaritano, em Brasília, foram acolhidos 592 venezuelanos nesse período.