“Jesus não pode ser apenas uma história a ser recordada”, adverte o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado a respeito da preparação ao Natal neste tempo litúrgico do Advento. A seguir, dom Joel tece algumas observações e comentários sobre as diferentes formas e caminhos propostos por organismos da Igreja no Brasil para celebrá-lo.
Para dom Joel, o Natal precisa ser celebrado nos corações, com a transformação da vida: do pecado à graça, da violência à reconciliação e à paz, da dor à alegria, do individualismo à fraternidade, da indiferença à solidariedade e assim por diante. Contudo, o secretário-geral da CNBB adverte que temos a tendência a nos deixar conduzir pelo ritmo das ações mais imediatas, permanecendo algumas vezes na superficialidade. O tempo do Advento, segundo dom Joel, é tão importante porque tem como finalidade ajudar pessoas e comunidades a refletirem sobre o sentido do Natal, recordando o que essa celebração realmente significa e trazendo-a para os dias de hoje.
“O significado conhecemos bem: o nascimento de Jesus. A dificuldade maior consiste em discernir o que a recordação daquele nascimento tem a dizer para as preocupações de hoje, para os rumos do mundo. Jesus não pode ser apenas uma história a ser recordada. Ele quer ser uma presença que conforta, orienta e questiona. Jesus quer ser luz”.
Ações pastorais de preparação ao Natal
O secretário-geral da CNBB enalteceu a importância pastoral das ações propostas pela Igreja em seus diversos níveis, especialmente as Novenas de Natal, rezadas pelas comunidades eclesiais, nas famílias e casas, neste tempo.
“A novena nos chama a interromper o dia a dia, parar um pouco para individual ou comunitariamente recordar e trazer para hoje o significado do nascimento de Jesus. Não me refiro a este ou aquele roteiro específico, mas, diante das várias propostas para a novena, importa destacar a atitude de parar, reunir, rezar e refletir, além, é claro, de executar ações concretas, na maioria das vezes ligadas à caridade. Essa diversidade de roteiros para a novena do Natal é uma ajuda para que os diversos contextos de um país tão grande e diversificado como o nosso venha a ser atendido”, afirmou.
Dom Joel destacou que a Edições CNBB, num trabalho zeloso, preocupa-se em solicitar, a cada ano, que o texto da novena seja produzido em uma região do Brasil. Assim, ano após ano, esta novena específica percorre as diversas realidades do país.
Junto com a novena, o bispo auxiliar do Rio de Janeiro aponta que tem crescido o número de ajudas ou complementos, fazendo com que a preparação se torne sempre mais fecunda. Ele enaltece o surgimento das experiências de visitas das imagens do Menino Jesus ou da Sagrada Família às casas. O secretário-geral falou também da campanha da Caritas Brasileira com as velas, chamadas de estrelas, para que a mensagem de luz, iluminação, não seja esquecida.
“Mais recentemente, temos visto crescer as ajudas virtuais, um recurso que amadureceu muito em razão da pandemia que nos está assolando. Por fim, destaco a importância dos roteiros para as celebrações dominicais. Eles permitem saborear um pouco da riqueza de um tempo litúrgico que cronologicamente passa muito rápido, com o risco de ser atropelado pelas correrias de final de ano. Por tudo isso, é possível perceber que ajudas não faltam”.
Para o secretário-geral da CNBB, essa criatividade pastoral faz parte da vida da Igreja. A meta, segundo ele, é sempre o anúncio da pessoa e da mensagem de Jesus Cristo. “As formas de cumprir essa missão variam de acordo com o tempo e o espaço e tanto a geração de novas formas ou quanto a revalorização de formas tradicionais revelam a atenção da Igreja a cada momento histórico, aos sinais dos tempos”.
