Dom Helvécio e os 270 anos na arquidiocese de Mariana

    Na História da Arquidiocese de Mariana as figuras notáveis de Bispos e Arcebispos muito exaltam uma trajetória refulgente de 270 anos.  Entre eles se destaca também D. Helvécio Gomes de Oliveira, filho do glorioso Estado do Espírito Santo. A figura ilustre deste Antístite merece destaque pela sua personalidade marcante e  seus magníficos feitos. Seu exterior austero, sério, grave. impunha respeito e, naturalmente, quem não o conhecia de perto poderia até julgá-lo inacessível. Quem, porém, com ele entrava em contato logo percebia uma alma simples, um grande coração. Possuidor de um caráter inoxidável, sem jaça, irreprochável, detestava o deslize, mas sabia compreender os lapsos humanos. Pletórico e de uma admirável integridade moral, apreciava o que era justo, correto ,sempre ciente e consciente de suas responsabilidades. Por vezes se revelava até perfeccionista, descendo a detalhes, sobretudo no que via menos digno nos templos e pertences da Igreja. Adite-se que seu porte espiritual e seu peculiar perfil caracterológico o imbuíam de um devotadíssimo amor ao pastoreio das almas que Deus lhe ia confiando. Mostrava-se diuturnamente inquebrantável diante do dever a ser cumprido e dotado de uma fortaleza irredutível em suas convicções. Deixava, porém, sempre a impressão de que cada dia que findava lhe marcava o alvorecer de uma nova etapa no seu crescimento interior na busca da perfeição preceituada pelo Filho de Deus. Era um lutador honrado, jamais se curvando ante as intempéries da existência, pois sabia, como poucos, que decreta sua própria ruína quem se entrega ao desânimo ou à indolência. Por isto, em todos os cargos que exerceu fez o que lhe foi possível fazer, tendo chegado por seus méritos à honra do episcopado, ostentando ascensões contínuas em sua vida. Exaltado por uns e mal interpretado por outros, sua figura singular deve ser estudada a partir da análise objetiva de seus nobres ideais.  Foi uma das personalidades que tanta influição exerceu na História Eclesiástica do Brasil. Foi um Arcebispo realizador que por isto mesmo dignificou e muito os 270 anos da Arquidiocese de Mariana. O extraordinário apostolado exercido, mormente durante trinta e sete anos, de 1922 a 1959, na vasta Arquidiocese de Mariana, fez, sem sombra de dúvidas, de D. Helvécio Gomes de  Oliveira um êmulo dos maiores Antístites de todos os tempos na História da Igreja de Jesus Cristo. Ele distribuiu por toda parte a irradiação  polimorfa e policroma de suas peregrinas virtudes. Décadas bem floridas e repletas de frutos opimos. Foi, indiscutivelmente, um poderoso instrumento de Deus para mostrar a milhares de almas o caminho real para a felicidade eterna. Viveu em plenitude os seus 57 anos de Sacerdote de escol e 41 de  epíscopo de fibra,  numa longa existência, esmando sempre as grandezas da Igreja de  Cristo. Seu zelo transformou sempre num fervilhante canteiro de obras do Evangelho suas atividades apostólicas, graças ao equilíbrio e ao dinamismo com que sabia distribuir suas horas entre a oração, o estudo e a ação.     Por toda parte onde a Providência o colocou suas iniciativas propulsionaram aos fiéis de todas as idades uma caminhada segura na religião e no progresso pessoal e comunitário. Nunca perdeu de vista suas ovelhas e as tinha diuturnamente no coração e, por isto, provia o que necessário fosse para o crescimento da vida religiosa na Arquidiocese. Impressionante seu amor ao Seminário e às vocações religiosas e sacerdotais. Labutou para o bem-estar de seu rebanho, dele cuidando com zelo constante sem medir esforços para nunca lhes faltasse o pábulo espiritual. Lutas sem registro, noites de vigília, dias sem limites, mas tudo registrado nos anais de Deus. De fato, através dos anos foi acrisolado pelas provações, demonstrando uma garra extraordinária diante dos perigos que se lhe vinham ao encontro. Jamais injustiça alguma lhe diminuiu a bondade do coração. É que sua têmpera de infatigável epigono do meigo Rabi da Galileia não o deixava fraquejar nunca, fazendo-se sempre arrimo até daqueles que bem não o compreendiam.    Nunca traiu a verdade, ensinando o Evangelho sem mutilá-lo ou alterá-lo para agradar os homens.   Nas mais pequeninas localidades, nos arraiais mais distantes, transitando por estradas impérvias, lugares abandonados pelos governos do Estado, ele se fez presente levando uma palavra de conforto, uma orientação oportuna. O que políticos semeadores de ilusões não faziam pelo progresso destes vilarejos, ele o realizava com proficiência, abrindo espaço para o desenvolvimento que foi ocorrendo com o passar dos anos graças a suas diretrizes. Através de uma linguagem fácil e repleta de unção porque provinda da sinceridade de um coração pleno de bondade e amor ao Evangelho ele instruiu, converteu, animou e salvou uma multidão de ovelhas de seu rebanho. Sabia falar ao povo. Amor à Igreja e à Pátria, devotamento ininterrupto, com dedicação exclusiva, ao exercício de seu múnus episcopal caracterizaram uma vida admirável totalmente consagrada a Deus.

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