Cidade do Vaticano (RV) – Na mensagem vídeo do Papa com as intenções de oração para o mês de fevereiro, Francisco voltou a ressaltar a urgência de acolher os refugiados e de mostrar solidariedade para com os pobres e excluídos. Em particular, o Santo Padre chamou a atenção para a marginalização que se vive sempre mais nas áreas metropolitanas. A propósito, a Rádio Vaticano ouviu o bispo auxiliar de Roma, Dom Guerino Di Tora, por muito tempo também diretor da Caritas diocesana.
Dom Guerino Di Tora:- “O Papa exorta-nos a essa atenção particular, diria, a esta peculiaridade, que hoje devemos expressar em nossa vida cristã: o sentido de acolhimento, o sentido da proximidade; devemos fazer-nos próximos uns dos outros para saber encontrar. Muitas vezes, pela manhã por exemplo, no metrô vemos tanta gente, mas cada um fechado no próprio individualismo. Então, acolher significa, sobretudo, uma capacidade que antes de ser um fato externo, é preciso ter no próprio coração essa capacidade de relação com o outro, reconhecer o outro como pessoa, como filho de Deus.”
RV: Na mensagem vídeo, o Papa evoca, evidentemente, também uma lógica da “porta aberta” e não de muros; muros não somente entre os Estados, mas, por vezes, invisíveis que estão dentro das nossas cidades…
Dom Guerino Di Tora:- “Precedentemente ao fechamento material, existe o fechamento psicológico. O fechamento parte de dentro do coração. Se tenho desinteresse pelo outro, criarei dentro de mim um muro, uma barreira, que depois poderá expressar-se também com um desinteresse ou com um muro real. Infelizmente, vimos e ouvimos sobre esses muros de arame farpado que nações estão levantando para não acolher o outro, esquecendo provavelmente inclusive a própria história, as próprias origens. Realmente, é preciso repensar profundamente a propósito e isso deve ser feito partindo do interior, da consciência de cada um de nós, de cada cristão.”
RV: O Papa fala também de uma nova geografia do coração, da solidariedade que se oponha, ao invés, à geografia de nossas cidades; o centro, com as lojas, centros comerciais, e depois, a periferia excluída. Inclusive na lógica que, segundo Francisco, se parte propriamente das periferias…
Dom Guerino Di Tora:- “Desde o início de seu ministério, o Papa começou a falar de periferias. Todos recordamos que já no início foi a uma paróquia da periferia norte de Roma. A periferia deve representar a atenção, o recolocar a centralidade mediante uma dimensão de relação profunda com o outro para fazer de modo que possa alcançar, também socialmente, essas realidades. Há, portanto, uma profunda divisão e a devemos recompor, reconstruir não tanto geograficamente, mas por primeiro mediante a racionalidade. Penso que nessa dimensão da relação se possa mais facilmente reconstruir também essa sintonia entre periferia e centro, recordando que é da periferia, dos últimos, que parte uma realidade nova, que parte a esperança e aquele desejo de recomeçar.”
Fonte: Rádio Vaticano