Dia dos Pais – aquele que gera vida e caminha ao lado dela

    Neste Dia dos Pais, volto meu coração em prece por todos aqueles que receberam de Deus a graça e a responsabilidade da paternidade. Ser pai é mais do que gerar uma vida: é caminhar ao lado dela. É ser presença firme, mas também ter o coração aberto, capaz de se comover, silenciar e acolher.

    Vivemos tempos em que, infelizmente, se perpetua uma ideia distorcida da figura paterna: a de que o pai precisa ser duro, distante ou incapaz de expressar afeto. Mas a Palavra de Deus nos apresenta outra imagem — a do pai que ama com ternura, que educa sem ferir, que se entrega sem reservas.

    No Antigo Testamento, vemos Abraão, pai da fé (Gn 17,5), que foi capaz de ouvir a voz de Deus e confiar, mesmo quando tudo parecia incerto. Ele nos ensina que ser pai é, acima de tudo, confiar e caminhar com Deus, mesmo sem ver o caminho inteiro. Também vemos Jacó, que lutou com o anjo (Gn 32,25-30), mas lutava também pelas suas famílias, pelos seus filhos, com todas as suas limitações. Davi, embora humano e pecador, chorou profundamente pela morte de seu filho Absalão (2Sm 18,33), revelando um amor dilacerado, cheio de dor, mas ainda amor.

    No Novo Testamento, temos São José, o modelo silencioso da paternidade (Mt 1,18-25). Ele não precisou de muitas palavras. Seu cuidado, sua obediência à vontade de Deus e sua dedicação cotidiana ao Menino Jesus dizem tudo. São José mostra que ser pai não é ser dono, mas guardião. Não é impor-se com força, mas sustentar com presença.

    E acima de todos, está Deus Pai, “rico em misericórdia” (Ef 2,4), que Jesus nos revelou como o Pai que está sempre à espera do filho que parte (Lc 15,11-32). A parábola do filho pródigo talvez seja o retrato mais completo da paternidade divina: um pai que respeita a liberdade, sofre a ausência, mantém a esperança e corre ao encontro do filho quando este retorna. Um pai que não grita, mas acolhe. Que não castiga, mas celebra.

    Deus não é um pai ausente, nem um juiz cruel. Ele é amor (1Jo 4,8). E é à luz desse amor que devemos compreender a missão de todo pai humano. O modo de amar de um pai nem sempre é igual ao da mãe, mas é igualmente essencial. Amor de pai é o que fortalece, guia, protege e forma. É um amor que evolui, que aprende, que também se redime.

    A todos os pais que erraram e desejam recomeçar: saibam que há sempre um caminho novo quando se ama de verdade. Aos que lutam, muitas vezes em silêncio, para dar o melhor de si, mesmo entre falhas e fraquezas, saibam que sua missão é sagrada. Aos filhos que têm dificuldade de compreender seus pais, peçam ao Espírito Santo o dom da empatia.

    Que neste Dia dos Pais possamos louvar a Deus pelo dom da paternidade e rezar por todos os pais: os presentes e os ausentes, os alegres e os que sofrem, os que vivem e os que já partiram.

    E que São José, pai adotivo de Jesus e patrono da Igreja, interceda por todos os pais, para que sejam cada vez mais reflexos do amor do Pai do Céu.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here