No Dia do Lavrador, celebrado hoje, 23 de junho, o bispo da prelazia de Itacoatiara (AM) e vice-presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, fala da situação dos trabalhadores do campo no contexto da pandemia do novo coronavírus. Segundo ele, os trabalhadores do campo estão mais tranquilos no sentido de que se encontram distantes das grandes aglomerações das cidades e vilas.
Por outro lado, o vice-presidente da CPT, aponta que eles já se sentem afetados pelas dificuldades de não ter como escoar a sua produção e fazer chegar seus produtos até as vilas e cidades, o que acaba gerando dificuldades de sustentação de suas famílias. Uma das questões mais preocupantes que vem afetando a vida dos pequenos lavadores na avaliação de dom Ionilton é o processo de mecanização da agricultura e a substituição do homem pela máquina.
Razões para celebrar
Para o bispo da prelazia de Itacoatiara, quem mora na área urbana tem sempre que lembrar e comemorar o Dia do Lavrador porque depende muito dos trabalhadores do campo a sustentação das pessaos que vivem nas cidades. A capacidade que Deus deu de cuidar e trabalhar na terra e produzir o alimento é uma das razões para celebrar esta data reforça o bispo.
“Celebrando esse Dia do Lavrador dirijo a nossa homenagem a todos os trabalhadores e trabalhadoras do campo, eles que cultivam a terra e fazem com que a comida chegue até às nossas mesas, especialmente nós que moramos nas pequenas, médias e grandes cidades”, destaca.
O bispo elenca também como um outro bom motivo para comemorar o Dia do Lavrador a organização dos trabalhadores, incluindo o trabalho que realiza a Comissão Pastoral da Terra (CPT) que recém completou 45 anos de existência. “A CPT nasceu para dar apoio ao pequeno trabalhador e ao homem do campo. Este trabalho se traduz na defesa dos pequenos agricultores para que tenham condições de permanecer na terra e ali produzam para a sua própria sustentação e para a alimentar quem está na cidade”, destaca.
Em função das ameaças que vêm sofrendo, a comemoração hoje é mais limitada disse dom José. “O Papa Francisco, na exortação Querida Amazônia, fala da ganância do lucro fácil que faz com que as empresas se apropriem das terras. E fala também da privatização da água e do relaxamento das leis. Olha que a Querida Amazônia foi lançada em fevereiro, e o Santo Padre já dizia quando as autoridades deixam o caminho livre para as madeireiras, mineradoras e empresas de exploração de petróleo e gás, atividades que devastam a floresta e contaminam o ambiente”, apontou.
O pequeno agricultor, segundo dom Ionilton, sai prejudicado por tudo isto. “O Papa Francisco diz que é preciso se indignar como Deus e Jesus se indignaram. Nós devemos reagir diante de tudo aquilo que sofre o homem do campo e o pequeno agricultor. Também os ribeirinhos, em nosso caso na Amazônia, que muitas vezes encontram-se também ameaçados pelo avanço destas empresas, do agronegócio e pelas queimadas”, avaliou.
O bispo reforça o trabalho que vem sendo feito pela Igreja em apoio aos pequenos produtores e lavradores. “Continuamos trabalhando juntos como Igreja, por meio da CPT e das pastorais sociais, a Comissão Pastoral dos Pescadores Artesanais que trabalha na defesa dos pequenos que vivem da pesca, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) que trabalha com os povos indígenas pela sua permanência e auto-sustentação pela terra”.
O vice-presidente da CPT afirma que o lavrador cuida da terra e não tem a ambição do lucro apenas. “O pequeno é quem mais preserva a natureza e o meio ambiente uma vez que não usa tanto o veneno e nem os agrotóxicos. Eles se organizam em pequenas produções, em áreas de terra agricultáveis diferente do agronegócio que tem grande impacto na natureza. Parabéns aos lavradores e lavradoras por seu dia”, concluiu.