No próximo domingo, 1º de junho, a Comissão Episcopal para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em parceria com a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), convida todas as comunidades cristãs do país a se unirem no Dia de Unidade de Oração pelo Paquistão. Trata-se de uma iniciativa mensal que, a cada edição, propõe um momento de intercessão por países marcados por conflitos, perseguições religiosas e crises humanitárias.
Um gesto de solidariedade global
Essa ação conjunta entre CNBB e ACN visa fortalecer a comunhão entre os cristãos em todo o mundo, reforçando o compromisso pastoral com os que sofrem perseguições por sua fé. É também um chamado a todos os fiéis para que se tornem agentes de esperança, promovendo uma cultura de paz, reconciliação e fraternidade onde o Evangelho possa florescer.
Neste mês de junho, o foco das orações será o Paquistão, um país cuja realidade religiosa e social desafia os direitos humanos mais fundamentais, especialmente a liberdade de crença e culto.

Holy Mass in St. John Catholic Church in Youhannabad.
O contexto religioso e legal do Paquistão
Criado como um Estado secular em 1947, o Paquistão gradualmente assumiu uma identidade islamista, sobretudo a partir da ditadura do General Zia ul-Haq (1977-1988), que implementou a sharia (lei islâmica) no sistema jurídico do país. Atualmente, embora a Constituição reconheça formalmente os direitos das minorias religiosas, na prática, essas garantias são frequentemente negligenciadas.
A maioria da população é muçulmana sunita (cerca de 85-90%), com os xiitas representando cerca de 10-15%. As minorias religiosas — cristãos, hindus, ahmadis, siques, zoroastrianos, bahá’ís e judeus — somam apenas 3,5% da população e enfrentam intensas formas de discriminação e violência.
Perseguição e restrições à liberdade religiosa
Apesar de compromissos internacionais assumidos pelo Paquistão, como a ratificação do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos (ICCPR), diversas práticas e leis em vigor contradizem a liberdade religiosa. Leis de blasfêmia, introduzidas nos anos 1980, são frequentemente usadas de forma abusiva para perseguir minorias, e o sistema legal favorece o Islã, excluindo não muçulmanos de cargos públicos como o de presidente e primeiro-ministro.
Desde a introdução das leis de blasfêmia, milhares de pessoas foram acusadas, e mais de 80 foram mortas extrajudicialmente. As comunidades cristã, hindu e ahmadi estão entre as mais afetadas, não apenas por acusações falsas, mas também por linchamentos, conversões forçadas, sequestros e casamentos compulsórios de meninas menores de idade.
Conversões e casamentos forçados
Meninas de comunidades cristãs e hindus são frequentemente alvo de sequestros e casamentos forçados com homens muçulmanos. A ausência de leis específicas ou a ineficácia das que existem — como na província de Sindh — agrava ainda mais o drama vivido por essas famílias. Em muitos casos, mesmo após o resgate, as jovens são impedidas de retornar à sua fé de origem.
Um chamado à oração
Diante dessa realidade desafiadora, o Dia de Unidade de Oração pelo Paquistão é uma oportunidade de manifestar solidariedade e apoio espiritual às minorias religiosas daquele país. É um gesto de comunhão que reconhece o sofrimento de nossos irmãos e irmãs na fé e reitera o compromisso da Igreja com os valores do Evangelho: justiça, liberdade e dignidade para todos.
A CNBB e a ACN convidam cada paróquia, comunidade, grupo de oração e fiel individual a reservar um momento nesta quinta-feira para interceder pelo Paquistão — por paz, liberdade religiosa e pelo fim de todas as formas de opressão. Que a oração seja um clamor coletivo que ultrapasse fronteiras, levando consolo e esperança àqueles que mais necessitam.
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Por Larissa Carvalho / Com informações da ACN