Dia das Nações Unidas contra o tráfico, o mercado dos novos escravos

Neste domingo, 23, foi comemorado o Dia Internacional da Lembrança do Tráfico de Escravos e sua Abolição, estabelecido pela ONU, para recordar o levante que ocorreu na ilha de Santo Domingo, na noite entre 22 e 23 de agosto de 1791, e que levou à abolição do tráfico de escravos transatlântico. Mas hoje esse fenômeno ainda está presente e envolve milhões de pessoas ao redor do mundo, e não poupa nem mesmo as crianças.

No mundo inteiro, mais de 20 milhões de pessoas são vítimas de trabalho forçado, dos quais 55% são mulheres. Os setores mais envolvidos são a agricultura, serviços domésticos, as empresas de transporte e a mendicância. Altas também as cifras da exploração sexual. São cerca de 500 mil ao ano as mulheres que chegam à Europa e são forçadas a entrar nas redes de prostituição. Mas entre as vítimas do tráfico estão também as crianças. De acordo com o relatório de “Save the Children”, na Itália desde o início deste ano chegaram via mar, mais de 7.300 menores não acompanhados. Mas quais são os riscos que enfrentam? A Rádio Vaticano ouviu o comentário de Carlotta Bellini, responsável de “Save the Children” para questão humanitária:

R. – No relatório deste ano de “Save the Children” sobre o tráfico e exploração de pessoas centralizamos a nossa atenção, em particular, sobre os menores não acompanhados, a maioria dos quais chegou à Itália por mar atravessando o Mediterrâneo. Trata-se de adolescentes que enfrentam muitos perigos e que, infelizmente, se tornam vítimas de violência, de abusos e exploração também já durante a viagem. Há também as jovens da Europa do Leste que entram na Itália através da fronteira no norte. Trata-se neste último caso – e também no caso de jovens nigerianas que atravessam o Mediterrâneo para entrar na Europa – de jovens e adolescentes que são vítimas de tráfico para exploração sexual. Um grupo particularmente que corre o risco de exploração do trabalho é o de menores egípcios.

P. – Como são atraídos?

R. – Os jovens chegam à Itália pagando os contrabandistas, mas a exploração começa na Itália. Neste caso, são os jovens mesmos que procuram “trabalho”, porque devem pagar a dívida que as famílias contraíram para permitir-lhes viajar para a Itália. Para obter o dinheiro os jovens estão dispostos a tudo: trabalham principalmente seja em Roma ou Milão, em frutarias, no locais que fazem kebabs e nos lava-carros. No que diz respeito às menores nigerianas, infelizmente a exploração já ocorre durante a viagem: são forçadas a prostituírem-se também em lugares fechados, como hotéis, casa de hóspedes, e então, naturalmente esta exploração continua na Itália, onde são exploradas nas ruas, subjugadas também com rituais de vodu. Desta forma, os exploradores exercem controle sobre elas. Este, infelizmente, é o triste destino de jovens adolescentes; sua idade é entre 15 e 17 anos … (SP)

Fonte: Rádio Vaticano