Deus uno e trino: que se faz misericordioso, poderoso e amoroso em favor do povo de Deus!

    Terminado o solene tempo da Páscoa, em que nos debruçamos sobre as realidades eternas, com a ascensão ao céu, a vinda do Divino Espírito Santo sobre a Igreja e sobre todos os batizados, vamos celebrar a Solenidade da Santíssima Trindade com o retorno do tempo comum. A Solenidade que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.

    Na primeira leitura(cf. Dt 4,32-34.39-40), o Pai revela-se como o Deus da relação, empenhado em estabelecer comunhão e familiaridade com o seu Povo. É um Deus que vem ao encontro dos homens, que lhes fala, que lhes indica caminhos seguros de liberdade e de vida, que está permanentemente atento aos problemas dos homens, que intervém no mundo para nos libertar de tudo aquilo que nos oprime e para nos oferecer perspectivas de vida plena e verdadeira.

    A segunda leitura(cf. Rm 8,14-17) confirma a mensagem da primeira: o Deus em quem acreditamos não é um Deus distante e inacessível, que se demitiu do seu papel de Criador e que assiste com indiferença e impassibilidade aos dramas dos homens; mas é um Deus que acompanha com paixão a caminhada da humanidade e que não desiste de oferecer aos homens a vida plena e definitiva. A grande afirmação da apresentação doutrinal da Carta aos Romanos é que “Deus é por nós”(cf. Rm 8,31). Ele teria toda razão, dada a nossa indiferença e resistência a Ele, de ser contra nós, mas sua sabedoria e seu amor são infinitamente maiores do que qualquer “razão”. Deus é e sempre será por nós. Este ser “por nós” não se restringe a uma atitude de benevolência divina. Ao contrário, este favor de Deus é um compromisso total, um compromisso de resgatar-nos do pecado e da morte e de estabelecer-nos eternamente como seus filhos e filhas, um compromisso cumprido no mistério pascal. Cada uma das pessoas da Santíssima Trindade estava totalmente implicada em nosso resgate; cada uma das pessoas divinas se entregava totalmente para a nossa salvação. O Pai deu aquilo que lhe era mais precioso, seu Filho, para assumir a nossa existência humana e submeter-se a todos os seus limites e contradições, inclusive a morte. O Filho aceitou a sua missão de enviado e, tomando sobre si por meio da cruz as consequências de nossa indiferença e resistência a Deus, ele nos livrou dessas consequências e, ainda, mais importante, nos livrou das atitudes nefastas que deram origem a estas consequências. São Paulo coloca com clareza a entrega do Espírito: ele se uniu ao nosso espírito para assim transformar-nos anão somente em seres humanos reconciliados com Deus, mas em membros da família divina, em filhos e filhas adotivos.

    São Paulo aponta para o pleno significado da manifestação do divino favor pelas pessoas da Santíssima Trindade: “E se somos filhos, somos também herdeiros”(Cf. Rm 8,17). Juntamente com Cristo, nós herdamos tudo o que pertence ao Deus – quer dizer, absolutamente tudo. Em Cristo, somos cordeiros do universo, destinados a reinar com ele para sempre. E, se, por um breve tempo, “sofremos com ele”, este mesmo sofrimento é sinal que “seremos também glorificados com ele”.  A Santíssima Trindade é a vida misericordiosa, poderosa e amorosa de Deus, vida divina que é por nós. Por isso, a melhor maneira de “pensar” a Trindade é a de glorifica-la, em louvor e gratidão: Glória ao Pai, ao Filho, e ao Espírito Santo.

    No Evangelho(cf. Mt 28,16-20), Jesus dá a entender que ser seu discípulo é aceitar o convite para se vincular com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Os discípulos de Jesus recebem a missão de testemunhar a sua proposta de vida no meio do mundo e são enviados a apresentar, a todos os homens e mulheres, sem excepção, o convite de Deus para integrar a comunidade trinitária. Quando Jesus nos garante: Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo. É para a gente confiar mesmo, ter coragem e a decisão inabalável de continuar o nosso trabalho de multiplicação de cristãos, de catequistas, de padres, de evangelizadores, de testemunhas da fé, através do nosso trabalho missionário, sem nenhum ciúme entre nós irmãos. Isto porque não somos concorrentes uns dos outros, mas sim, somos multiplicadores de muitos outros cristãos, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Vejam que os discípulos são enviados de modo que eles próprios vão fazer novos discípulos entre todas as nações. Não há nenhuma eleição particular, nem tampouco nenhuma obrigação de aceitar, também não há nenhum processo de seleção, porque todos, sem distinção, são chamados ao seguimento de Jesus, para ouvir a sua palavra, e colocá-la em prática, e através da observância de sua lei e na adesão à vontade do Pai, todos sejam salvos. A missão de Jesus começou com o seu batismo no Rio Jordão. No Evangelho de hoje, Jesus me envia e te envia como discípulos para evangelizar e batizar, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Não ofereça resistência à sua voz. Responda sim ao seu chamado e vai unido, unida à Santíssima Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

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