No mundo, no qual nos encontramos e estamos inseridos, nada é permanente, mesmo quando as realizações humanas parecem se aproximar do único e perfeito, as mais estupendas e prodigiosas, na clareza e na consciência das pessoas em que tudo se encaminha como destino ou revela parecer magnificamente impecável. Quão misteriosa é a esperança, na trajetória da nossa gente, pelos sinais benevolentes da complacência de Deus, convencendo-nos sempre mais da importância da Cartilha, gramática ou enciclopédia do povo de Deus, o Livro Sagrado, inspirado e inspirador, que, de modo correto, orienta homens e mulheres nas diversidades de dons, talentos, carismas e funções!
Mistério da esperança, sim, na palavra de Deus, escrita num passado distante, por pessoas que viveram determinados contextos diferentes do nosso, com o qual, como dom e graça, possamos muito nos importar! Ela é sempre atual, viva e eficaz, mais cortante que qualquer espada de dois gumes, capaz de penetrar, a ponto de dividir alma e espírito, e sempre eterna (cf. Hb 4, 12). No tema central do livro de Josué, que é a entrada do povo de Deus na Terra Prometida, após longo e penoso tempo de caminhada pelo deserto, vemos a ânsia pela libertação da escravidão do Egito, na busca esperançosa das promessas feitas por Deus a seu povo.
Daí não hesitar, mesmo diante da verdade do acúmulo do saber, do amor humano, por vezes incomensurável, saber este que está presente e subsistente no passar das gerações dos pais, filhos, netos e bisnetos. Esse mesmo amor é o da luminosidade na caminhada humana, na teimosia de seu prosseguimento, através dos tempos, mas para os que partem, no pôr do sol ou ocaso, quando nem tudo caminhou satisfatoriamente, faltando o acabamento final, no encontro das consciências e individualidades das pessoas, à luz da esperança cristã, no seu sentido mais abrangente.
No setembro do Livro Sagrado, não esquecer a célebre frase de São Jerônimo, sempre citada no decorrer da história do povo de Deus, sem se preterir: “Ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo”. Eis um amor e um zelo tão profundo do especialista da Palavra de Deus, tendo-a como manancial inesgotável em sua vida. A partir de São Jerônimo, eis o desafio mais elevado, o da vida terrestre, o da existência humana, pelo referencial acima, no desejo do amor eterno, na entrega indulgente e clemente, numa docilidade insondável e ininterrupta.
Alvorecer ou crepúsculo, sim, em meio aos sinais transitórios da vida, no persistente convencimento de realização e satisfação, já aqui, pelas práticas do bem, da justiça e da paz, no sonho para além da utopia, da plenitude da vida, como na fala do teólogo Hans Küng: “Deus é mais real do que toda a realidade; ele é realidade última no coração dos homens e das coisas. Deus, infinito em todo o finito; permanente em todo passageiro; incondicional e absoluto em todo condicional e relativo”. Assim seja!