Dom Helder Câmara, ao recordar os 111 anos de sua vida no mundo (7/2/2020), nos ajuda no sentido de pensar, com seu exemplo, numa vida com marcas de responsabilidade e resistência, incontestáveis, como nossos cactos – ou mandacarus – nordestinos, vegetações de uma importância incomensurável, que produzem flores raras e resistem às adversidades do tempo, sem nos esquecermos de tantas pessoas de alma e coração grandes e generosos.
Somos convidados a vivermos a justiça de Deus, numa prática solidária. Quando vemos crianças e adolescentes presentes no mundo, pensamos que aqui há uma responsabilidade cristã dos adultos. São criaturas de Deus que pedem mais do que palavras: pedem e esperam uma vida exemplar dos que vivem a proposta de Jesus de Nazaré dentro da Igreja, sendo sinal no mundo, atingindo em cheio seu interior, com marcas indeléveis de afáveis ternuras.
Querem abraços, sorrisos e respeito, sim, num encanto consequente, não só no sentido de serem tocadas pela bondade de Deus, mas que lhes venha a certeza da presença desse mesmo Deus, num amor de tal modo duradouro e verdadeiro, no convencimento de viverem tempos novos, preciosos e indispensáveis, perseguindo a construção do próprio futuro: em Deus e com Deus.
Aqui podemos nos valer, tendo presentes os sinais luminosos da presença de Deus, no seguinte pensamento de Dom Helder: “Quando os problemas parecem ser absurdos, os desafios são apaixonantes”. A vida humana deveria se voltar, em resumo, para uma estreita comunhão com o próximo, redescobrindo nele sinais da presença afável de Deus, a partir do Seu amor, pela proteção da vida das pessoas, vendo-as, não como objeto, mas tendo presente seu bem maior, isto é, sua realização no sentido mais amplo. Assim seja!