Deposição do Senhor

    Textos inspirantes:
    “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lc 23,34).
    “Em tuas mãos entrego, ó Pai, meu Espírito”. (Lc 23,46).

    1º Depois de Jesus ter completado fielmente sua obra, como afirmara na Cruz (Tudo está consumado) Ele entrega seu Espírito ao Pai, de quem veio. Morto e descido da cruz é confiado às mãos de sua mãe e depois sepultado, com certa pressa, por causa do sábado ser dia importantíssimo para a tradição judaica. Os corpos não podiam, portanto, permanecer na cruz. Como Jesus já estava morto, não lhe quebraram as pernas, como fizeram com os outros dois crucificados. Jesus, de tanto sofrer, caindo sob o peso da cruz e tendo sido flagelado, coroado de espinhos e mortalmente humilhado, já havia morrido.
    2º A crucificação era a mais humilhante e cruel maneira de condenação. Um romano não podia ser pregado na cruz: somente um escravo ou facínora. Quem nem um mal fizera, aliás, somente o bem como afirma São Pedro, é humilhado mortalmente: perpetrou-se assim a maior de todas as injustiças possíveis. Não olhemos somente o fato histórico. Mas, sobretudo, aquele humano e teológico: o amor infinito de Deus pelo homem pecador. Como é diabólico ou satânico o pecado. Como são ingratos os homens criados por amor e para amar. No homem a criação alcança a noosfera e nele, também, atingiu a pior degradação. Hoje muitos ateus afirmam que Deus morreu. Coitados. Ao Titanic afundar, submergiu, por primeiro, o lado onde estava escrito: “nem Deus pode”. Então a orquestra entoou o celebérrimo hino de Bach “Mais perto de meu Deus”, e houve ateus que começaram a rezar… É no momento do perigo, da desgraça, que os orgulhosos, debochados e ateus costumam ficar piedosos… Quem não quer aprender na felicidade, acaba aprendendo na dor e pela dor. Rezam, então, até em latim…
    3º Maria acolhe, em seus braços, o corpo inerte do Filho, que gerara em seu ventre, ela o havia entregue vivo a nós, para o receber todo desfigurado em seus braços, depois de tê-lo amorosamente seguido como discípula. Nós a veneramos como mãe, e fazemos muito bem, mas precisamos dela aprender como discípula. A maternidade foi graça, somente dela, mas o discipulado é oferecido a todos nós. Os fracos na fé invejam dom dos outros e acabam não assumindo os próprios. São duplamente lamentáveis. Sem querer simplesmente comparar, quanto mais hoje, mães recebem em seus braços filhos baleados nas esquinas, ou mortos pelas drogas e vícios. Que Maria, a Mãe de todas as mães, as ajude nesses momentos tão difíceis.
    4º Hoje, não busquemos mais Jesus no túmulo, como outrora o fizeram as mulheres e os apóstolos, mas na vida, no trabalho, nos sacramentos, mormente na Eucaristia. Podemos, ainda, encontra-lo nos doentes, surdos e mudos, nos necessitados, nos rejeitados e até nos viciados: “O que não fizestes ao menos dos meus, a mim deixaste de fazer”. (Mt 25,40) Enterrar mortos não é tão difícil, pois é até humano, mas usar de misericórdia e de fraternidade com os mais fracos e infelizes é demonstração da mais lídima caridade cristã.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here