Como Igreja, caminhamos juntos em um tempo de penitência quaresmal que culminará no grande “Aleluia”
da Festa da Páscoa. Este tempo é marcado pela contemplação do sacrifício de Jesus; e o sinal do sacrifício salvífico é a cruz. Ela é o tesouro que contém em si todo o bem. No batismo fomos marcados com o sinal da cruz. Os sacramentos que nos fizeram crescer na graça, os pedidos e as orações, cada bênção que caiu sobre nós, – tudo, realmente tudo na vida cristã encontra sua identidade no selo da cruz.
Toda luz, toda força espiritual, todo motivo de esperança tem sua origem na cruz. O madeiro da vergonha dos escravos se tornou a fonte da renovação do mundo. Se quisermos ser discípulos de Jesus e alcançar a felicidade eterna, devemos seguir os seus passos; e nestes, cedo ou tarde, vamos encontrar a cruz. Mas na cruz, embebida com o precioso sangue de Cristo, brilha ao mesmo tempo a luz da vitória.
Quanta luz vem da cruz! Ela nos diz que a nossa separação de Deus foi superada no momento em que o Filho de Deus se sacrificou pelas nossas culpas e, morrendo, pediu perdão por nós. Nenhuma das nossas iniquidades é maior que o perdão de Cristo. Até mesmo aquele que foi condenado por ser culpado recebe a promessa: “Ainda hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43). É por isso que o incentivo vale
para todos: “Coragem!”
Na cruz esta perspectiva de salvação é oferecida a todos nós. Mas cada um individualmente deve colocar os seus próprios pecados aos pés da cruz e dobrar os joelhos diante de Jesus infinitamente misericordioso. Concretamente isso significa fazer uma boa confissão sacramental, com um coração arrependido e o propósito sincero de não mais pecar. Mesmo sabendo que, por causa da nossa fraqueza, vamos cair de novo, cada um de nós deve dar esse passo para a confissão! Está na hora de aprender a apreciar de modo novo este sacramento.
Hoje se fala muito dos pecados dos homens e mulheres da Igreja, de reformas e de renovação. Mas uma renovação autêntica só pode acontecer se usarmos os recursos que o próprio Jesus nos deu para isso! Portanto, os sacerdotes devem estar sempre disponíveis quando se trata da confissão. E eles mesmos devem dar o exemplo, confessando-se com frequência. Isso trará um grande ganho para todos. É assim que se realizam revoluções pacíficas, revoluções do bem!
Asseguro a minha oração e bênção para vocês e para todos, e desejo-lhes uma verdadeira, santa e transformadora Páscoa!
Card. Mauro Piacenza
Presidente Internacional
da ACN