Uma obra missionária pontifícia, ou seja, vinculada ao Papa e aprovada pela Igreja. É com essa definição que a Infância e Adolescência Missionária (IAM) realiza seu trabalho de evangelização das crianças e adolescentes em mais de 130 países.
A obra foi fundada por Dom Carlos Forbin-Janson, Bispo de Nancy, na França, em 19 de maio de 1843. E nasceu a partir de um gesto solidário de algumas crianças francesas em favor de outras que sofriam com doenças e fome na China.
Preocupado com a situação, Dom Carlos propôs às crianças da França que ajudassem as outras, recitando uma Ave Maria por dia e doando um dinheiro por mês. Dessa forma, deu início a uma das maiores obras de evangelização infanto-juvenil presentes na Igreja.
Crianças que evangelizam crianças
O secretário da Infância e Adolescência Missionária no Brasil, padre André Luiz de Negreiros, falou ao noticias.cancaonova.com sobre a eficácia da missão da IAM. Um trabalho que, segundo ele, envolve o compromisso de criança para criança, que passa a ser sujeito e não apenas um receptor dentro da evangelização.
“A dádiva é que a criança assume seu protagonismo, com a sua linguagem, sua característica, sua experiência. Ela também é capaz de evangelizar outra criança, dando testemunho, fazendo sacrifício daquilo que ela tem, para ajudar aos menos favorecidos. Com isso, tornam-se seus amigos por meio da oração, do sacrifício e da própria solidariedade”, disse.
Estas crianças evangelizadoras, segundo o sacerdote, podem ser sinais para outras, em meio à globalização mundial. “Por exemplo, quando for comprar um produto ela vai optar pelo mais simples e nem sempre pelo mais caro; elas aprendem a conviver também com e sem determinados bens materiais e não se tornam escravas, à mercê destas situações que o mundo capitalista as coloca”.
Neste contexto de globalização, padre André lembra que os pequenos são alvos do sistema capitalista, investidor da publicidade infantil, que pretende chegar à família por meio da influência que a criança exerce no consumo familiar. Diante desse cenário, o secretário da AIM afirma que a criança, assumindo o ideal da evangelização de outra criança, acaba se “vacinando” contra as “artimanhas” que o mundo coloca para seduzi-la.
Nesta perspectiva, segundo o padre, os desafios para o trabalho missionário infantil são muitos, considerando que as crianças estão introduzidas em ambientes virtuais, com aparatos tecnológicos, em meio à globalização.
No entanto, padre André ressalta que o principal desafio enfrentado no momento é fazer com que as crianças inseridas neste mundo eletrônico/digital também evangelizem dentro deste universo; que não se tornem vítimas do consumo, muitas vezes voltado para a própria criança.
O papel dos pais
Os pais das crianças evangelizadoras também têm um papel fundamental no trabalho da Infância e Adolescência Missionária, afirma padre André. Eles assumem a missão de catequistas e educadores na fé dos filhos, mas também são evangelizados por eles. “Nós temos relatos de muitas crianças da Infância Missionária que acabaram trazendo os pais novamente para a Igreja ou que tornaram os pais assessores da IAM”.
“De uma forma ou de outra, os pais acabam se envolvendo. Desde um simples acompanhamento da criança que vai se apresentar na Igreja ou vai fazer um trabalho, até mesmo nas experiências mais significativas de porta em porta”, explica.
O Papa e a missão da criança na Igreja
O Pontificado do Papa Francisco é marcado pela sua proximidade às crianças e pela importância que dá à presença e à ação dos pequeninos na Igreja. Na opinião de padre André, Francisco tem apresentado a criança não como o futuro da Igreja, mas como um presente que pode evangelizar e transformar o mundo.
Segundo o padre, para se pensar no amanhã é preciso valorizar a capacidade das crianças junto à missão eclesial. “Se nós olharmos para a Igreja pelo aspecto das lideranças do futuro, só teremos essas lideranças se acreditarmos no potencial de nossas crianças”.
Fonte: Garotada Missionária
Local: São Paulo