Em comunicado, Santa Sé afirma que esta ocasião não deve ser perdida, pois “o tempo está se esgotando”
Aedição deste ano da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP26, que ocorre desde 31 de outubro e hoje chega ao fim, traçou compromissos “promissores” e “essenciais para a sobrevivência das comunidades mais vulneráveis”, avalia a Santa Sé.
Em um comunicado, a Santa Sé destaca como positivos os compromissos assumidos pelos Estados que participaram da COP26, em Glasgow, no sentido de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais e de fornecer os recursos financeiros necessários para alcançar este objetivo.
A COP26 também foi marcada pela presença de lideranças indígenas, 40 no total, a maior delegação a representar os povos originários brasileiros em uma assembleia sobre o clima na história.
Além disso, Reino Unido, Noruega, Alemanha, Estados Unidos e Países Baixos, em parceria com 17 instituições filantrópicas, decidiram destinar 1,7 bilhão de dólares aos povos indígenas e comunidades tradicionais nos próximos quatro anos. O objetivo é dar suporte a essas etnias na preservação da biodiversidade.
Muito por fazer
Em seu comunicado, a Santa Sé afirma que “ainda há muito a ser feito” em relação às mudanças climáticas. Por isso, é necessário encontrar formas eficazes também para remediar algumas “lacunas” que surgiram “nas áreas da mitigação, adaptação e financiamento”.
“Os recursos disponibilizados para estes três aspectos, fundamentais para a concretização dos objetivos do Acordo de Paris, deverão ser reforçados e renovados”, diz o documento do Vaticano.
“A Santa Sé – afirma o comunicado – espera que a COP26 possa chegar a um acordo sobre um roteiro claro para preencher estas lacunas em breve, com os países desenvolvidos assumindo a liderança”.
Cuidado com a casa comum
Txai Suruí (24 anos), da etnia Paiter Suruí, de Rondônia (Brasil), foi a primeira indígena a discursar na abertura de uma conferência sobre o clima. Ela foi ao evento em Glasgow defender a inclusão dos povos indígenas nos debates sobre o clima e as mudanças climáticas.
Segundo ela, a reivindicação dos nativos é legítima, uma vez que os indígenas atuam na proteção das florestas da América do Sul há mais de seis mil anos.
Esta certamente foi a mais importante edição da Conferência sobre as Mudanças Climáticas. Pois, como apontam estudos recentes, se a sociedade não mudar a maneira como utiliza os recursos naturais, o aquecimento global deve superar 1,5º C com relação ao século 19, nas próximas três décadas.
Senso de responsabilidade
A delegação da Santa Sé espera que as decisões finais da COP26 “sejam inspiradas por um genuíno sentido de responsabilidade para com as gerações presentes e futuras, bem como o cuidado com nossa casa comum, e que essas decisões possam responder verdadeiramente ao grito da Terra e ao grito dos pobres”.
“O tempo está se esgotando: esta ocasião não deve ser perdida” – conclui-se o comunicado com este alerta do Papa Francisco contido em sua a Carta aos católicos da Escócia.