O amor a Jesus traz esplêndidas consequências para a vida de seu seguidor. Esta verdade se acha bem clara no texto de São João na Missa do 60 domingo da Páscoa. (Jo 14,23-29). Intrigantes as palavras de Cristo: “Se alguém me ama”. Com efeito, cumpre de plano que cada cristão se examine para verificar o grau do amor que se devota ao Divino Ressuscitado. Examinar qual a real presença dele na vida de cada um à medida que os anos vão se desenrolando. É só averiguar se suas palavras têm sido guardadas, fielmente observadas em todos os momentos, em todas as circunstâncias numa fidelidade ininterrupta. Trata-se de uma resposta de amor refletida nas ações de cada hora. Se isto acontece, feliz é o cristão, pois afirma Jesus que “seu Pai o amarrará, viremos a ele e faremos nele a nossa habitação”. A questão é saber como temos usufruído desta honrosa presença de Deus em nós. Como esta irrupção de ternura do Ser Supremo tem influenciada no modo de pensar, de agir, de ser. Quantos cristãos, infelizmente, conspurcam esta casa santa do Senhor nos vícios, nas drogas, nos crimes mais hediondos. Não amam a Jesus, porque não guardam sua palavra. O verdadeiro discípulo do Redentor pensa sempre naquilo que Deus faz por ele, nele e com ele. Este deixa que Deus o ame tanto quanto Ele deseja ser amado. Quem assim age recebe o Espírito Santo que o Pai em consequência envia em nome do Filho bem-amado. Com suas luzes o Espírito faz compreender e viver tudo que Jesus ensinou, rememorando sempre os ensinamentos do Mestre divino. Daí resultam cristãos sábios segundo o Evangelho, pois o Paráclito dá a entender no fundo do coração a linguagem do amor. Paráclito significa literalmente o advogado, o defensor. Ele sustenta, defende, aconselha, encoraja e ensina a bem orar, penetrando fundo na doutrina de Jesus. Se isto acontece outro efeito grandioso na vida de quem ama Cristo é a paz. Ele foi claro: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz”. Aí vem outra indagação, ou seja, temos realmente usufruído esta paz? Se esta é a realidade de nossa vida, demos graças a Deus levemos a quem carece desta paz o que disse Jesus: “Vinde a mim vós que penais sob o fardo e vos darei o repouso”. É que a paz que Cristo oferece é bem diferente da paz que o mundo parece proporcionar com suas ilusões. A paz de Jesus é a plenitude da vida, a tranquilidade inebriante de uma consciência conectada com Deus que mora no fundo do coração que O ama. Não se trata simplesmente de uma disposição psicossomática, levando a uma serenidade egoística, mera resignação. Esta paz não é ilusória, frágil. Como falou São Paulo aos Filipenses “A paz de Deus excede todo entendimento” (Fil 4,7). Trata-se daquela beatitude que reina lá no íntimo da alma unida a Deus. Por isto, a harmonia sublime que possui é levada por toda parte, no lar, nos locais de trabalho, de lazer, nas Escolas, enfim para toda a sociedade. Aquele que a possui se transforma no artesão da paz, dela se fazendo o embaixador. Deus quer transformar o mundo através daqueles que recebem, vivem e curtem a paz oferecida por Jesus. Durante a participação nas Missas o fiel é lembrado inúmeras vezes sobre o este dom que é desejado pelo celebrante a todos também no final da celebração: “Ide em paz, o Senhor vos acompanhe”! Isto para que esta paz de Cristo transforme cada um, metamorfoseie toda a comunidade, irradiando-se depois pelo mundo todo. Paz que jorra do coração de Jesus, fruto do amor a Ele, difundindo-se numa esplêndida serenidade seja onde estiver um autêntico cristão. Realiza-se o que predisse o profeta Isaías a respeito de Jesus: “Seu nome é o príncipe da paz” (Is 9, 5) ou de acordo com Miquéias: “Ele (o Messias) será Paz” (Mq 5,4). Não uma paz passageira, mas a reconciliação total do ser humano com Deus e os semelhantes. Tudo isto acontece para quem verdadeiramente ama Jesus.* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.