Conheça a história por trás da promulgação do ano de São José

O autor da Consagração a São José, Pe. Donald Calloway, narrou como uma carta que enviou em 2019 ao Papa Francisco foi a base para o Papa Francisco convocar o ano de São José, padroeiro da Igreja universal.

Em declarações ao National Catholic Register (NCR), o Pe. Calloway disse ter recebido com gratidão e assombro a notícia do ano dedicado a São José e revelou que em 2019 escreveu uma carta, que foi entregue ao Papa Francisco pelo Bispo de Gualeguaychú (Argentina), Dom Héctor Zordán, na qual lhe pediu que dedicasse um ano a São José.

“Percebi que nós, a Igreja universal, nunca tivemos um ano dedicado a São José”, explicou. “Então, eu pensei, ‘Isso é um pouco vergonhoso! Ele é o maior santo depois de Nossa Senhora, a Defensora da Igreja, e nunca fizemos algo assim?”, acrescentou.

O sacerdote disse que decidiu escrever uma carta ao Santo Padre, mesmo sem saber como faria para que o Pontífice realmente a recebesse, e menos ainda se iria responder.

“Então, a princípio, comecei a escrever para bispos pedindo-lhes que considerassem dedicar um ano a São José em suas dioceses individuais, e muitos responderam”. Porém, no dia 1º de maio (festa de São José Operário), “decidi escrever esta carta ao Papa”, disse.

Pe. Calloway explicou que inicialmente a carta foi escrita em inglês, mas um companheiro da Imaculada Conceição o aconselhou a traduzi-la para o espanhol, que é a língua nativa do Papa.

“Sabia que o Papa Francisco realmente não fala inglês muito bem”, explicou. “Queria que a carta fosse fácil de ler. Por isso pedi ao Pe. Dante Agüero, da Argentina, que a traduzisse para o espanhol”, acrescentou.

Após a tradução, Pe. Agüero entrou em contato com um bispo argentino que teria um encontro com o Santo Padre e pediu-lhe que os ajudasse entregando a carta ao Papa Francisco.

“Estava claro que Deus estava agindo: quero dizer, quais eram as possibilidades de um bispo que meu amigo conhecia se encontrasse com o Papa Francisco para sua visita ad limina e que poderia haver uma oportunidade para ele entregar esta carta pessoalmente?” acrescentou Pe. Calloway.

Dom Zordán confirmou em entrevista ao Register que entregou a carta ao Santo Padre durante a visita ad limina dos bispos da Argentina, realizada em 2 de maio de 2019.

“Pe. Dante Agüero, meu amigo há muitos anos, deu-me uma carta do Pe. Donald Calloway, seu irmão na religião, para entregar ao Santo Padre”, assinalou. “Padre Dante antecipou verbalmente o conteúdo dela: este é um pedido especial ao Papa Francisco para convocar um ano dedicado a São José. Na verdade, o Padre Calloway é um grande promotor da devoção a São José”, indicou.

Dom Zordán indicou que no dia em que se encontrou com o Santo Padre, o Papa Francisco os esperava “quase na porta da sala de audiências do Vaticano”, onde saudou pessoalmente a cada um.

“Quando chegou a minha vez de vê-lo, ele me cumprimentou com um gesto de alegria. Eu o cumprimentei, alegremente, em resposta. Trocamos algumas palavras e foi então que lhe entreguei várias cartas, inclusive o pedido do Padre Calloway de um Ano de São José”, disse.

Depois de retornar à Argentina, Dom Zordán indicou que o Vaticano nunca se comunicou com ele sobre a carta, mas que, tendo-a entregue diretamente ao Papa, o bispo sabia que o Papa Francisco pelo menos a teria lido e provavelmente responderia.

“Agora, no entanto, acho que podemos intuir que o conteúdo da carta contribuiu muito para a convocação do ano dedicado a São José, anunciada pelo Santo Padre no dia 8 de dezembro”, disse.

Pe. Calloway também assinalou que até 8 de dezembro não tinha ouvido nada do Vaticano sobre seu pedido por escrito, mas continuou escrevendo às dioceses dos Estados Unidos para convocar um ano de São José.

Embora as respostas dos bispos tenham sido encorajadoras, o Pe. Calloway admitiu que não era o resultado que esperava.

“A carta ao Papa Francisco permaneceu em meus pensamentos e orações. As pessoas estavam entrando em contato comigo, perguntando se eu tinha ouvido alguma coisa do Papa; e eu tive que dizer que não, mas eu estava orando, orando, orando”, indicou.

O sacerdote assinalou que de repente a notícia chegou e ressaltou que a Santa Sé havia se preparado para esta surpresa, dado que a carta apostólica Patris Corde está bem pesquisada e pensada.

“Não é pouca coisa que o Santo Padre tenha declarado este ano no 150º aniversário da declaração de São José como ‘Padroeiro da Igreja universal’”, acrescentou.

Pe. Calloway concluiu que foi graças a esta convocação que outra inspiração o levou a enviar outra carta ao Papa Francisco neste mês, pedindo ao Pontífice que declarasse o dia 23 de janeiro como memória obrigatória dos Santos Esposos, São José e Santa Maria.

“Muitas pessoas estão muito preocupadas com as várias crises que estão acontecendo no mundo quando se trata de taxas de divórcio”, explicou. “O próprio Jesus disse que os puros de coração verão a Deus. Temos que ser honestos com o quão degradante nossa sociedade se tornou, como ela é pornográfica. A clareza de visão e o discernimento parecem completamente desorientados. Quero dizer, é uma desorientação completamente diabólica. Neste momento, muitos homens não veem Deus, muito menos a sua vontade, porque são impuros, não só sexualmente impuros, mas também espiritual e ideologicamente”, acrescentou.

O sacerdote assinalou que a raiz das divisões que está presenciando na Igreja são consequência dessa impureza, principalmente entre os homens que rezam, que buscam a virtude.

“As intenções não são puras”, explicou. “Por que rezamos? O que nos motiva, inclusive a atitude da nossa oração, a linguagem corporal nos diz muito. Os homens se tornaram narcisistas e voltados para dentro, e o resultado disso é a impotência espiritual. Toda a sua masculinidade se vê abalada. Parece que Satanás não está preocupado pela maioria dos homens agora, e esse é um grande problema quando as crianças que crescem com estes homens têm famílias. Se os pais de família não têm poder espiritual, sua autoridade foi usurpada. Não é de estranhar que a família esteja em decadência”, acrescentou.

Pe. Calloway explicou que a Igreja tem tentado resolver esses problemas com programas, conferências e retiros, muitas vezes com grandes custos financeiros, mas diz que esses esforços servem apenas como remédio, não como cura.

“Temos que chegar à raiz do problema e São José é o homem para isso. Ele é o modelo do homem decidido, um modelo do coração masculino, e o seu matrimônio com Nossa Senhora” é fundamental para o nosso tempo, concluiu.

Publicado originalmente em National Catholic Register.

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