A Congregação para a Educação Católica divulgou, nesta terça-feira, 29 de março, a instrução “A identidade da Escola Católica para uma cultura do diálogo”. O documento é fruto de reflexão e consulta nos diversos níveis institucionais, pretende ser um contributo da Congregação voltado a todos aqueles que trabalham no campo educativo-escolar no âmbito da Igreja. A publicação atende à necessidade de “mais clara consciência e consistência da identidade católica das instituições educativas da Igreja no mundo inteiro”.
“A Congregação para a Educação Católica espera que este contributo possa ser recebido como oportunidade de reflexão e aprofundamento sobre este tema importante que diz respeito à própria essência e razão de ser da presença histórica da Igreja no campo educativo e escolar, obedecendo à sua missão de anunciar o Evangelho fazendo discípulos em todas as nações (cf. Mt 28,19-20)”, lê-se no documento.
A instrução oferece “uma reflexão e diretrizes mais detalhadas e atualizadas sobre o valor da identidade católica das instituições escolares na Igreja”.
Na primeira parte da Instrução coloca-se o tema da presença da Igreja no mundo escolar no contexto geral de sua missão evangelizadora: a Igreja como mãe e mestra em seu desenvolvimento histórico, com os diversos ênfases que enriqueceram o seu trabalho no tempo e no espaço, até os dias de hoje. O segundo capítulo trata dos diversos sujeitos que trabalham no mundo escolar, com funções diferentes atribuídas e organizadas de acordo com as normas canônicas numa Igreja rica de múltiplos carismas doados pelo Espírito Santo, mas também de acordo com sua natureza hierárquica. O capítulo final é dedicado a alguns pontos críticos que podem surgir ao integrar todos os diversos aspectos da educação escolar na vida concreta da Igreja.
A Congregação explica que a instrução não é “um tratado geral, menos ainda completo, sobre o tema da identidade católica, mas uma ferramenta deliberadamente sintética e prática, que pode ajudar a esclarecer alguns aspectos atuais e, sobretudo, prevenir conflitos e divisões no setor essencial da educação”.
O documento recorda as indicações do Papa Francisco ao relançar o Pacto Educativo Global: “educar é apostar e infundir no presente a esperança que rompe os determinismos e fatalismos com que muitas vezes o egoísmo do forte, o conformismo do vulnerável e a ideologia do utopista se querem impor como único caminho possível”.
“Apenas uma ação forte e unitária da Igreja no campo da educação, num mundo que se torna cada vez mais fragmentado e conflitivo pode contribuir tanto para a missão evangelizadora que Jesus lhe confiou, como para a construção de um mundo em que os homens se sintam irmãos, pois ‘somente com esta consciência de filhos que não são órfãos podemos viver em paz entre nós’”, destaca o texto.
A proposta educativa da Igreja
No início da instrução, é destacada a intenção da Igreja em sua atuação educativa, que busca “a evangelização e o cuidado pelo crescimento de quem já está caminhando rumo à plenitude da vida de Cristo”. Tal proposta não se dirige apenas a seus filhos, mas colabora com “todos os povos na promoção da perfeição integral da pessoa humana, no bem da sociedade terrestre e na edificação dum mundo configurado mais humanamente”. Assim, “a evangelização e a promoção humana integral estão entrelaçadas na tarefa educativa da Igreja”.
Campanha da Fraternidade 2022
A instrução sobre “A identidade da Escola Católica para uma cultura do diálogo” é divulgada para todo o mundo no momento em que, no Brasil, é proposto para reflexão quaresmal o tema “Fraternidade e Educação”, por meio da Campanha da Fraternidade promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O texto base da CF 2022 dedica vários parágrafos para refletir sobre a missão da educação católica no ensino básico e superior, retomando reflexões de documentos da própria Congregação para a Educação Católica. Entre os destaques sobre a escola católica, a CF 2022 recorda sua proposta de humanismo integral e o alinhamento ao que é apresentado pelo Pacto Educativo Global.
Confira a instrução “A Identidade da Escola Católica para uma cultura do diálogo” na íntegra.