Esta visita do Papa Bento XVI foi precedida por um evento que marcou a história recente de Cuba: a viagem de João Paulo II à Ilha, em 1998.
Recebido pelo então Presidente Fidel Castro, que por sua vez convidou o Pontífice a visitar a Ilha em 1996, quando veio ao Vaticano, o Beato João Paulo II pronunciou o famoso discurso em que pedia que Cuba se abrisse ao mundo e que o mundo se abrisse a Cuba.
Como mudou o país nesses 14 anos? Eis a análise do sacerdote jesuíta Padre José Carlos Brandi Aleixo, Presidente do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais:
Os países têm mudanças por causas endógenas (internas) e causas exógenas (externas). Como o mundo mudou muito nesses 14 anos, as mudanças no cenário global repercutem no Brasil, como repercutem na Itália, na Grécia, assim como em Cuba. Nós estamos numa etapa nova da história. Já é uma história que se faz após o fim da assim chamada Guerra Fria, isso já era um fato em 1998 e hoje é um fato ainda mais consolidado ou seja, um novo capítulo está se escrevendo em relação à História da humanidade. Eu creio que o governo de Cuba tem consciência dessas mudanças e como é natural, está sempre aberto a algumas modificações dentro do cenário interno. Os jornais falam de algumas modificações na área econômica, por exemplo, em relação à propriedade privada e à possibilidade de aquisição de carros, etc. E o que se muda na economia repercute também na política. Se você olhar para outros países, como a China, verá que também as modificações no sistema econômico repercutem, embora não com a mesma intensidade no campo político. Já se admite a presença de católicos em cargos públicos, em funções de docência nas universidades, etc. Isso é natural. Há enfim naturalmente forças internas que muitas vezes não são monolíticas e que, por conseguinte, elas entre si também modificam o cenário do país. Então eu creio que a visita ocorre nesse contexto de algumas modificações no sistema interno, em conseqüência de considerações locais e de fato que ocorrem no mundo exterior. A visita então é muito oportuna e foi precedida de alguma forma por uma visita que o Cardeal Tarcisio Bertone fez a Cuba no ano de 2008. Na oportunidade, ele foi recebido pelo então novo presidente Raúl Castro, o primeiro dignitário estrangeiro a ser recebido pelo recém-empossado presidente Raúl. Podemos dizer que o povo cubano quer ver o papa e o Papa quer ver o povo cubano.