Nesta sexta-feria, 17 de abril, Dia Mundial de Luta Camponesa, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lançou sua publicação anual, Conflitos no Campo Brasil 2019. É a 34ª edição do relatório que reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, neles inclusos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais.
Devido à pandemia do coronavírus, o lançamento ocorreu, de forma digital no site e redes sociais da CPT. No mesmo horário foi realizada uma live com a participação do coordenador nacional da CPT, Paulo César Moreira, a professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Maria Cristina Vidotte e o jornalista e colaborador da CPT, Antônio Canuto.
O relatório mostra que em 2019 a violência no campo aumentou em relação a 2018. Houve 14% de crescimento no número de assassinatos, passando de 28 para 32; 7% nas tentativas de assassinato – 28 para 30 e 22% nas ameaças de morte, que passaram de 165 para 201. De acordo com os dados do Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, da CPT, 2019 também registrou o maior número de assassinatos de lideranças indígenas dos últimos 11 anos. De 9 indígenas assassinados em conflitos no campo no ano, 7 eram lideranças.
Além disso, mais uma vez os conflitos pela água que, em 2018 já haviam batido recorde com 276, aumentaram vertiginosamente. Foram registrados 77% a mais desse tipo de conflito em 2019.
Conflitos batem recorde
A CPT registrou 1.833 conflitos no campo em 2019. Número 23% maior que em 2018 e o maior número registrado, pela CPT, nos últimos 5 anos. Segundo o organismo, esse número equivale a uma média de cinco conflitos a cada dia.
Dos 1.254 conflitos por terra registrados, 1.206 ocorrências de conflitos por terra envolveram alguma forma de violência, provocada por supostos proprietários e/ou grileiros. Esse foi o maior número de ocorrências de conflitos por terra já registrado pela CPT desde 1985. Os despejos explodiram na região Sul (450%), Centro-Oeste (114%) e Norte (55%).
As mulheres presentes na luta
O Relatório aponta também que 102 mulheres sofreram violência. Desse total, 3 foram assassinadas, 47 foram ameaçadas de morte, 3 sofreram tentativa de assassinato, 5 foram presas, 15 sofreram intimidação. O Relatório pode ser acessado na íntegra em: https://www.cptnacional.org.br/publicacoes-2/destaque/5167-conflitos-no-campo-brasil-2019.
Com informações da CPT