O ano de 2023 começa com a celebração, no dia 2 de janeiro, do 150º aniversário do nascimento desta Doutora da Igreja. Por que não se inspirar nela para passar este ano seguindo o Senhor?
Em 2 de janeiro de 1873, Luís e Zélia Martin, o primeiro casal canonizado da Igreja, deram as boas-vindas a uma quinta filha em sua família: Teresa. Apesar de ter sido mimada pelos pais e pelos mais velhos, sua vida não oi fácil. Marcada pela morte e separação da mãe, depois das irmãs e do pai, a existência da jovem de Lisieux é um verdadeiro impulso de luta para se converter e superar a falta de amor.
Que tal, então, começarmos o ano inspirados na história de vida de Santa Teresinha? Ela mesmo sugere alguns caminhos para que nós também podemos seguir.
1 DESEJO PODEROSO POR DEUS
“A primeira palavra que pude ler foi esta: ‘céu’”, explica Santa Teresinha do Menino Jesus em seus Manuscritos – prova de que toda a existência da menina de Lisieux não tem horizonte senão o céu, a vida com Deus.
Esta ardente atração pela vida bem-aventurada, este profundo desejo de santidade, lê-se também na sua afirmação juvenil: “Eu escolho tudo”. Não por vontade de poder, mas por uma consciência muito viva de que só o Infinito pode saciar a sede mais íntima de cada um.
2 AMOR NAS PEQUENAS COISAS
Não há necessidade de grandeza no dom de si. Ao contrário, a “pequena via” de Teresa – que a tornou famosa – consiste em saber que ela é muito pequena para deixar o próprio Jesus agir em si mesmo nas coisas mais cotidianas.
Jean de Saint-Cheron observa que a santa de Lisieux “descobrirá pouco a pouco que, se isso a assusta demais, é porque ela faz uma montanha de todo esse heroísmo fantasioso e batalhas gigantescas, enquanto se trata de viver dia a dia. Há coragem sem glória vã.”
A própria carmelita disse: “Maria [sua irmã] falou das riquezas imortais que são fáceis de acumular a cada dia”. Mas, para isso, deve haver um apoio seguro, que Santa Teresinha do Menino Jesus, atraída pela humildade do menino na manjedoura, encontrará em total confiança no criador e salvador: “Para te amar como tu amas, devo pegar emprestado seu próprio amor, só então encontro descanso.”
“Ele queria mostrar sua misericórdia em mim; porque eu era pequena e fraca ele se rebaixou para mim, me ensinou coisas secretas do seu amor”, explica. É esta confiança infinita na misericórdia que lhe permite voar alto no amor dos outros. E amar, por exemplo, aquela irmã ao lado que range os dentes ou passar a vassoura com amor, oferecendo suas orações pelos sacerdotes e pela conversão dos pecadores (que podem andar de mãos dadas).
3 SOB O MANTO DA VIRGEM MARIA
Muito jovem, a quinta filha de Luís e Zélia Martin volta o olhar para a mãe celestial. Enquanto uma estranha doença psicológica a manteve na cama até maio de 1883, toda a família Martin confiou na Virgem Maria. Dizia Santa Teresinha: “A doce Rainha do Céu cuidava de sua frágil florzinha, sorria para ela do alto de seu trono e estava prestes a deter a tempestade quando a flor estava para se romper sem volta” .
Foi à mãe de Cristo que a santa carmelita atribuiu a sua cura, tendo-se acalmado com o sorriso radiante da sua estátua sentada ao lado do seu leito. “O que me penetrou até ao fundo da alma foi o ‘ sorriso encantador da Santíssima Virgem’. Então todas as minhas tristezas desapareceram”, afirmou.
4 ESTEJA CIENTE DA LUTA
Se Santa Teresinha do Menino Jesus é por vezes associada ao sentimentalismo, é contra a sua vontade. Porque o amor, especialmente nas pequenas coisas, não é evidente. Desde o início de sua vida, ela compreendeu que o amor exige sacrifício e que o sofrimento é uma realidade a ser acolhida. Já marcada pela morte da mãe, ela sofrerá aos nove anos com a separação da querida irmã mais velha, Pauline.
Para chegar ao céu, portanto, seria necessário que a jovem superasse suas doenças, tanto carnais quanto espirituais: “Mas se o bom Deus permitiu que o demônio se aproximasse de mim, ele também me enviou anjos visíveis”, afirmou ela.
Santa Teresinha também declarou: “Tive que passar por muitas provações, mas o chamado divino era tão premente que, se tivesse que passar pelas chamas, o teria feito para ser fiel a Jesus”. Teresinha manifestou essa fidelidade a Jesus muitas vezes: desde a perda de entes queridos à doença, dos escrúpulos aos aborrecimentos na vida comunitária, a carmelita soube lutar para colocar o amor em todos os lugares, nos mais pequenos momentos da existência.