O Papa Francisco afirma que o legado dos “cristãos escondidos” fortalece o Japão
A Igreja católica no Japão tem raízes missionárias: ela começa a crescer principalmente a partir da chegada de São Francisco Xavier e dos seus companheiros missionários, no século XVI, e prossegue em seu crescimento graças à fé e ao trabalho dos primeiros membros japoneses da comunidade.
Em 1588, a Igreja católica já contava com mais de 300 mil fiéis no Japão. Eles deram origem à diocese de Funay, cujo centro principal era a cidade de Nagasaki. Ainda no século XVI, porém, e estendendo-se ao longo do século seguinte, começou uma brutal perseguição que até hoje está entre as mais violentas já sofridas pelo cristianismo em toda a sua história. A comunidade católica no Japão foi quase completamente exterminada.
No entanto, alguns cristãos japoneses conseguiram sobreviver, mesmo privados de bispos, sacerdotes e igrejas onde celebrar a liturgia. Apesar da estrita vigilância, eles transmitiram clandestinamente a fé cristã aos seus filhos durante nove gerações, através de rituais e de uma simbologia que as pessoas de fora da comunidade não entendiam.
Essa foi a época dos chamados “cristãos escondidos” (kakure kirishitan): o papa Francisco considera que esse período de provação é um dos dois pilares da história católica do Japão, juntamente com a época dos missionários. E “eles continuam alicerçando a vida da Igreja hoje e oferecendo um guia para a vivência da fé”, afirmou Francisco recentemente, ao receber no Vaticano os bispos do Japão em sua visita Ad Limina (dia 20 de março de 2015).
Apesar de pequena, Francisco disse que a comunidade católica do Japão é hoje muito respeitada pelos japoneses por causa do serviço que ela presta a todos, independentemente da religião. É um ato de servir que se baseia abertamente na identidade cristã, e, por isso mesmo, um testemunho prático de cristianismo verdadeiro.
O papa citou como exemplos deste serviço cristão a resposta dada às devastações causadas pelo terremoto e pelo tsunami de 2011, além dos esforços que a comunidade católica japonesa realizou em defesa da paz durante os setenta anos seguintes às bombas atômicas lançadas em 1945 sobre Hiroshima e Nagasaki. A mesma Nagasaki que já tinha sido, quatro séculos antes, o centro da principal diocese católica no Japão.
Perdoar e servir, em suma, é a maneira concreta e autêntica com que o pequeno rebanho católico japonês tem conseguido dar testemunho num país profundamente laico. A conquista do respeito e da admiração do povo é um indicativo de que, por meio deles, o Espírito Santo está agindo.
Fonte: Aleteia