Catequese do Papa: viver a fraternidade não é impossível, atenção ao narcisismo

Na Audiência Geral desta quarta-feira (12/11), Leão XIV convidou os fiéis a redescobrir a fraternidade como vocação humana e dom divino: “um chamado a vencer o egoísmo e a reconstruir os laços que unem a humanidade”.

Thulio Fonseca – Vatican News

Cultivar a fraternidade foi o cerne da reflexão do Papa Leão XIV durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 12 de novembro, realizada na Praça São Pedro, com a presença de milhares de fiéis e peregrinos. Logo no início da catequese, o Pontífice recordou que a fé pascal ilumina a vida cotidiana: “Acreditar na morte e ressurreição de Cristo e viver a espiritualidade da Páscoa incute esperança na vida e encoraja-nos a investir na bondade.”

Segundo Leão XIV, essa atitude torna possível viver de modo autêntico o amor, “um dos grandes desafios da humanidade contemporânea”. Em sua reflexão, o Santo Padre também recordou as palavras do Papa Francisco sobre a urgência de reconstruir os laços de fraternidade no mundo atual presentes na Encíclica Fratelli tutti.

Fraternidade: um dom profundamente humano

O Papa explicou que a fraternidade nasce da própria condição humana: “Somos capazes de nos relacionar e, se quisermos, sabemos construir laços autênticos entre nós.” Essas relações, observou o Pontífice, sustentam e enriquecem a vida desde o início. Mas advertiu contra o risco de viver fechados em si mesmos:

“Se nos isolarmos, corremos o risco de adoecer de solidão e até de desenvolver um narcisismo que nos leva a preocupar-nos com os outros apenas por interesse próprio.”

Um desafio em tempos de divisão

Leão XIV reconheceu que a fraternidade não é algo imediato nem garantido: “Muitos conflitos, guerras e tensões sociais parecem demonstrar o contrário”, afirmou. Contudo, “a fraternidade não é um sonho belo e impossível”, para vencer as sombras que a ameaçam, é preciso voltar às fontes e buscar “a luz e a força n’Aquele que é o único que nos liberta do veneno da inimizade”.

O Papa retomou o exemplo de São Francisco de Assis, que se dirigia a todos com a saudação omnes fratres, expressão de uma fraternidade sem fronteiras. “Era a forma inclusiva com a qual o Santo colocava todos os seres humanos no mesmo patamar, reconhecendo o seu destino comum de dignidade, diálogo, acolhimento e salvação.” Leão XIV recordou que esse “todos” expressa um traço essencial do cristianismo: a Boa Nova é universal, nunca exclusiva.

Papa Leão XIV durante a Audiência Geral
Papa Leão XIV durante a Audiência Geral   (@Vatican Media)

Cristo, fonte da verdadeira fraternidade

A fraternidade cristã, explicou o Papa, tem a sua raiz no mandamento novo de Jesus: “Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei (Jo 15,12).” Cristo, morto e ressuscitado, mostrou que o amor é capaz de transformar as relações humanas:

“A fraternidade concedida por Cristo liberta-nos da lógica negativa do egoísmo, da divisão e da prepotência, e reconduz-nos à nossa vocação original, em nome de um amor e de uma esperança que se renovam todos os dias.”

“Todos irmãos” no caminho da esperança

No final da catequese, o Papa Leão XIV convidou os fiéis a viver a fraternidade como testemunho da fé no Ressuscitado:

“Os irmãos e as irmãs apoiam-se mutuamente nas provações, não viram as costas aos necessitados, choram e alegram-se juntos. O Ressuscitado mostrou-nos o caminho a percorrer com Ele, para nos sentirmos e sermos todos irmãos”, concluiu o Pontífice.

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