Cardeal Paulo Evaristo Arns.

    A Igreja no Brasil irmanou-se, em júbilo espiritual, pelo jubileu de ouro episcopal de Sua Eminência Reverendíssima Dom Paulo Evaristo, Cardeal Arns, Arcebispo Emérito de São Paulo. Levei ontem, dia 2 de julho, em meu nome pessoal e da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, a nossa alegria por esta data magna celebrada na Catedral da Sé de São Paulo. Junto com tantos outros irmãos Cardeais, Arcebispos, Bispos, Padre, Religiosas e religiosos, leigos e leigas pudemos participar desse momento singular e agradecer a Deus por tantos dons que o Senhor concede à Sua Igreja.
    Dom Paulo Evaristo nasceu em 14 de setembro de 1921, em Forquilhinha, município de Criciúma, SC, filho de Gabriel Arns e de Dona Helena Steiner Arns. Ingressando na Ordem dos Frades Menores professou seus votos religiosos em 10 de dezembro de 1943. Estudou filosofia em Curitiba, PR, de 1941 a 1943 e a Teologia em Petrópolis entre 1944 a 1947 recebendo a ordenação presbiteral em 30 de novembro de 1945, na cidade de Petrópolis, RJ. Depois fez especialização em Patrologia e Pedagogia, na França, em Paris, de 1947 a 1952, com doutoramento em Letras, na Sorbone, em Paris, no mesmo período. Além disse estudou Literatura antiga, em Paris, entre 1950 e 1952.
    Como sacerdote foi professor de Francês e Letras Clássicas, em Agudos, SP, em 1953; lecionou francês na Faculdade de Bauru, SP entre 1954 e 1955. Foi professor e orientador de aperfeiçoamento do Ensino Secundário em Juiz de Fora, MG e em Curitiba, PR, entre 1955 e 1957 Professor de Literatura Cristã e História da Igreja, Faculdade de Teologia de Petrópolis em 1956; Professor de Didática Geral na Faculdade de Filosofia em Petrópolis, em 1958. Foi capelão em várias periferias existenciais de Petrópolis entre 1956 e 1966.
    Dom Paulo foi eleito bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo em 02 de maio de 1966, tendo sido sagrado Bispo pelo Cardeal Agnelo Rossi, então Arcebispo de São Paulo, em 03 de julho de 1966, em sua cidade natal. Como bispo auxiliar foi vigário episcopal da Região Norte de São Paulo de 1966 a 1970, encarregado, também do Departamento de Educação da CNBB. Durante seu trabalho como Bispo Auxiliar de São Paulo para a Região Norte pude compartilhar muitos momentos em que nos visitava, pois na época, era estudante de Filosofia e Teologia e residia nessa região da cidade de São Paulo.
    Com o chamado do Papa Paulo VI do Cardeal Agnelo Rossi para a Cúria Romana, Dom Paulo foi chamado a exercer a missão de Arcebispo de São Paulo em 22 de outubro de 1970, tomando posse da Arquidiocese em 01 de novembro de 1970.
    Foi criado Cardeal do Título presbiteral de Santo Antônio de Pádua, na Via Tusculana em 05 de março de 1973 e, atualmente é o Cardeal Propresbítero da Santa Igreja Romana.
    Como Cardeal Arcebispo de São Paulo foi a voz dos que não tinham voz, defendeu os pobres, promoveu os desempregados, deu de comida aos que passavam fome, visitou as periferias da grande cidade, construindo novos Vicariatos, novas estruturas eclesiásticas e fundando comunidades eclesiais para que a Igreja pudesse ter a sua presença pública. Foi incansável na luta pelos direitos humanos, denunciando torturas e excessos daquele período. Dom Paulo tem 52 livros publicados e tem como lema “Ex spe in spem” (De esperança em esperança).
    Quando eu estudei filosofia e teologia, no Instituto Pio XI, e isso foi entre 1969 a 1974, em São Paulo, pude ver, com grande entusiasmo, o bonito trabalho de anúncio do Evangelho e de testemunho da caridade que era a missão de Dom Paulo Evaristo como Bispo Auxiliar e depois como Arcebispo de São Paulo.
    O Cardeal Arns foi um vivo exemplo de homem da ternura, sempre com o seu peculiar sorriso de acolhida de todos. Ele foi uma grande luz para a grande cidade de São Paulo, anunciando que Cristo habita esta cidade. Pregador generoso do Evangelho da vida foi um vivo exemplo de testemunha destemida do Evangelho. Homem manso, mais firme, viveu a pobreza evangélica e a todos cativou pela sua oração permanente em favor da paz na cidade de São Paulo. Visitou, nos vinte e oito anos que foi Arcebispo de São Paulo, a sua imensa Arquidiocese. Amou seus sacerdotes. Incentivou a vida religiosa. Acima de tudo, acolheu e capacitou as lideranças leigas, incentivando o protagonismo dos leigos em todas as regiões pastorais de São Paulo.
    Dom Paulo Evaristo, Cardeal Arns, foi um missionário que ensinou a todos nós através da Cátedra na Igreja de São Paulo, que na profecia, está a ternura de Deus, sem nunca perder a esperança de que só o amor constrói. Deus abençoe e dê muitas consolações ao grande exemplo de Bispo, testemunha do Evangelho, que é Dom Paulo Evaristo.

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